No princípio, os meus treinos longos eram sempre em plano. De preferência, num determinado sentido na primeira metade, para depois fazer o retorno e vir pelo mesmo caminho. Porém, com o meu regresso ao método de Arthur Lydiard, as coisas mudaram um pouco, também de forma a aproximar-me mais daquilo que faziam os seus atletas.
Como tal, comecei a variar a dificuldade do treino mais longo da semana, alternando entre um trajeto maioritariamente plano e o dito “carrossel”. Apesar das dificuldades serem maiores num percurso de sobe e desce – mesmo fazendo o devido ajuste de ritmo – também é apropriado dizer que este tem uma maior aptidão para quebrar a monotonia quando andamos muito tempo na estrada. As subidas, em particular, exigem-nos uma maior concentração, não limitando o trabalho às pernas enquanto pensamos nas coisas da vida airada.
Contudo, também esta segunda opção, fundamental para o nosso desenvolvimento, pode atingir um ponto de saturação se o “carrossel” for sempre o mesmo. Por mais que as subidas nos façam esquecer preocupações. Por mais que as descidas nos façam sentir e desfrutar ao máximo da nossa capacidade de movimento.
Acrescento ainda o seguinte. Quando andamos nisto pela competição, corremos o risco de perder parte do prazer da corrida. Alguns treinos estipulados não são resultado da nossa vontade, mas da ideia e metodologia que acreditamos vir a traduzir-se em melhores resultados. Assim sendo, nesta procura de intensificar o trabalho que tem de ser feito sem deixar que a chama da paixão pela corrida mitigue, desafiei-me com a seguinte questão:
Quantas freguesias consegues visitar num só treino?
Como a própria pergunta sugere, o objetivo é muito simples. Descobrir o número máximo de freguesias que consigo visitar numa corrida longa, bastando para isso passar numa rua da freguesia para essa visita contar. Desta forma, não só é possível conhecer novos trajetos (rampas inclusive!) que podem vir a ser úteis no futuro, como nasce uma motivação extra para planear novas rotas, o que logo à partida é uma luta contra a monotonia e um incentivo ao entusiasmo e à motivação. Estou a partilhar aqui esta ideia pelas razões que acabei de referir. No entanto, ela também pode ser utilizada em jeito de desafio com outros amigos atletas. Fica a sugestão!
Quanto a mim, até à data, apenas fiz dois treinos com foco nesta “brincadeira”. Todavia, foi número suficiente para perceber duas coisas. Primeiro, se em algumas freguesias é possível só ir lá cruzar a tabuleta que assinala a sua fronteira e logo inverter o sentido, noutras somos obrigados a atravessá-las quase de uma ponta à outra. Segundo, nunca a ideia da união de freguesias me pareceu tão má, no passado, pois agora algumas passagens podiam valer 2 pontos em vez de somente 1.
Uma nota final. Este artigo não terá continuidade, mas será atualizado com o meu recorde à medida que o vá superando, seja pelo orgulho no trabalho, seja para poderem comparar com o vosso. Boas corridas 😛
Recorde Pessoal: 16/11/2019
Total de Freguesias Percorridas: 8
Grijó e Sermonde; Anta e Guetim; Nogueira da Regedoura; Silvalde; Espinho; São Félix da Marinha; Arcozelo; Serzedo e Perosinho;
Créditos Imagem de Capa: Thor Alvis em Unsplash