Em janeiro deste ano, quando, inesperadamente, melhorei a minha marca pessoal na Meia Maratona de…
O que eu andei a fazer com o Atletismo em 2023 – 2º Semestre
Findado o ano 2023, posso agora fechar esta rubrica. E, para o fazer da melhor maneira, parece-me sensato dividir este texto em duas partes: o antes da Maratona de Chicago (que já estava em marcha na altura em que publiquei o artigo anterior: meados de julho); e o pós-maratona; Vamos lá!
Portanto, até 8 de outubro, dia em que corri em Chicago, tudo se manteve de acordo com o que havia estipulado previamente Ou seja, pouca competição e um volume de trabalho bastante assinalável, com treinos longos a ritmos moderados e fortes. O maior exemplo disso é que, desde meados de julho até ao dia da maratona, estive totalmente focado no treino (agosto foi o meu mês com mais quilómetros de 2023: cerca de 520K), tendo apenas participado em duas provas no mês de setembro. Em concreto, a Corrida da Nau (10K) e a Meia-Maratona do Porto. Cheguei a ambas com um volume assinalável, e apesar de ainda sentir as pernas pesadas, estavam lá os bons indicadores.
No entanto, apesar do incremento na quilometragem, fiz a distribuição semanal com bastante cautela. Devo dizer que não tive nenhuma semana com mais de 125K, e que o meu treino mais longo para a maratona foi de 35K, em 2h20min. Não tive muitos treinos acima de 30K, mas tive vários acima de 20K que eram intervalados com ritmos muito específicos para a prova-objectivo, o que me ajustou o passo e deu-me estofo (nada disto é segredo, podem ver o que fiz na minha conta Strava ou Garmin). Chegado o grande dia, apesar de alguns contratempos já relatados, em Chicago, o objectivo do RP foi alcançado.
Uma vez regressado a Portugal, tive ali uns 10 dias iniciais muito tranquilos e com muitas folgas, e só depois comecei a retomar o volume e a intensidade anteriores. E a verdade é que me fui sentindo bem e fresco, também por mérito (acredito eu), da boa preparação para correr a distância mítica. A recuperação tornou-se assim mais fácil – de facto, até senti mais frescura a “rolar” que o habitual, havendo também outro factor que mudou no antes e depois de Chicago e que não me parece de somenos: a temperatura! Tenho-me dado bastante mal com o frio (aliás, ainda estou para perceber o que se passa comigo sempre que chega o mês de Dezembro, pois começa a revelar-se um padrão nessa altura do calendário), mas claramente que com temperaturas baixas não me sinto tão cansado ou desgastado como em dias de temperaturas amenas ou elevadas, se tiver em conta mesociclos semelhantes de treino. Com o tempo quente, o esforço físico parece limpar mais as vitaminas e minerais retidos no corpo, e o desgaste parece ser maior.
Posto isto, sensivelmente um mês depois da maratona, a minha primeira competição, que visava precisamente fazer um checkup competitivo (início de novembro) para ver como estava, não foi muito conclusiva. Tudo porque o “exame” realizou-se num dia de grande agitação marítima (prova de 12K integrada na Maratona do Porto), e foi muito complicado tentar estabilizar o esforço e o ritmo, tendo em conta o vento muito forte que se fazia sentir. Como tal, abriu-se aí um ponto de interrogação. Todavia, ainda que sem grande detalhe, nas semanas seguintes fui variando nos treinos mais específicos e continuando a trabalhar tudo um pouco: fartleks; repetições curtas e longas, com descansos a ritmos lentos ou moderados; tempo runs, a ritmos lineares ou em progressão; activação das fibras rápidas, por via de rampas curtas e longas; treinos longos; Ainda que muitas vezes sem objectivos muito claros de ritmo, ou seja, mais naquela de ver o que o corpo era capaz de fazer.
Ora, chegado a Dezembro, quando contava ter uma avaliação de desempenho decente no meu regresso à Volta à Paranhos, acabei por ficar bastante doente na noite que precedeu a antevéspera, tendo mesmo colocado em equação a minha ida ao evento. Acabei por ir, sem dali esperar muita coisa e, dadas as expectativas, até fiquei satisfeito com a prestação que lá fiz, esperando melhorias assinaláveis quando tivesse totalmente recuperado. No entanto, a verdade é que duas e três semanas depois, em S. Pedro do Sul e no Porto, respectivamente (S. Silvestres), as prestações não foram melhores. Explicações? Do frio e da minha dificuldade em aquecer? De correr à noite, quando o meu corpo está mais (ou singularmente) habituado a correr de dia? Défice de algum electrólito, que me afectou as contracções dos músculos e me fez sentir “amarrado” nos ritmos mais intensos? O corpo estar a dar de si, tardiamente, do esforço da maratona? São demasiadas perguntas, podendo a explicação estar até espalhada um pouco por todas elas. A verdade é que durante essa época senti claramente dificuldade em meter uma “mudança” acima; Em atingir aquele ritmo que já conheço, porque depois o corpo vai! De notar que não baixei muito o volume, precisamente porque não me sentia particularmente cansado, mas reduzi bastante o tempo de treino de alta intensidade nessa época, quer por as sensações não estarem a ser as melhores, quer porque a competição desgasta mais que um treino intenso. E tudo isto é escrito no pretérito perfeito porque, chegado a janeiro, na S. Silvestre de Espinho, as sensações, mais até do que o resultado, já foram bem diferentes (e isto numa manhã de muito frio).
Para terminar, e feitas as contas, de referir que em 2023 participei em 20 provas. Uma filosofia que é para manter. Bem como, mediante as respostas que o corpo dê e o tempo disponível para o efeito, continuar a aumentar o tempo e o volume de treino, que não tem necessariamente de ser exclusivo à práctica da corrida, mas também com exercícios complementares. Foi muito importante fechar o ano com um total a rondar os 5000 quilómetros de treino. Todavia, não foi a primeira vez que cheguei a esse patamar (ainda que a anterior tenha sido há alguns anos), pelo que para haver um novo estímulo significativo neste aspecto é preciso elevar a fasquia. Vamos ver o que acontece.
Bons treinos para todos em 2024!
Nota: O autor escreve de acordo com o antigo Acordo Ortográfico.
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