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1500 Metros - Provas De Preparação III | Estádio Prof. Dr. José Vieira De Carvalho

À procura da Velocidade aos 30 anos: Parte 2 – RP aos 1500m

Após uma reflexão profunda sobre um dos meus pontos fracos no atletismo: a velocidade, escrevo hoje para expor algum do trabalho feito, nas últimas semanas, com o propósito de evoluir neste aspecto fundamental para a competição. Tendo em conta algum interesse demonstrado, por outros atletas, neste assunto, eis uma primeira sequela. É verdade que esta ainda é uma altura muito prematura para grandes conclusões, mas será pertinente interpretar os sinais apresentados. Vamos então por partes.

 

Técnica de Corrida

A ver vamos se é desta que não desvalorizo nem descarto este tipo de trabalho do meu plano de treinos, por mais que seja díficil avaliar e quantificar o seu impacto directo na corrida. Discreta e introvertida, cabe-me a mim não largar a mão da técnica de corrida, que ultimamente me tem feito companhia, em média, 3 vezes por semana. Nesses dias, troco o tempo e o desgaste de 2 ou 3 quilómetros na estrada pela dedicação a esta menina. Confrontar fotos e vídeos de eventos futuros com arquivos de provas passadas será como jogar ao “descubra as diferenças”, sem, à partida, saber se elas lá estão. Esperemos que sim!

 

Rampas

Outro tipo de trabalho específico que não recordo a última vez que o fiz. E, mesmo depois de trocar as voltas à minha metodologia, confesso que ainda só a pus em práctica uma vez, Mas este cenário tem duas justificações que considero plausíveis.

A primeira é que tenho tido bastante competição, o que tem condicionado parcialmente o meu treino. A segunda, é que ainda estou a tentar perceber o tempo necessário para a reparação das fibras musculares, após “fazer” as rampas. Para já, vou apostar em 8 x 10 segundos, com 2 minutos de intervalo, no esforço máximo (salvo a primeira, que é para aquecer bem). O que procuro é melhoria na passada e diminuição do tempo de contacto entre o pé e o solo. Vamos ver se esta iniciativa (talvez em dose dupla por semana) será útil e suficiente. Em caso de não parecer produtiva, talvez alargue a duração para os 15 segundos, ou estenda o número de repetições.

 

Movimento dos Braços & Estabilidade do Core

Não sei se isto é uma consequência dos exercícios com foco na técnica de corrida, ou se por estar mais sensibilizado (quiçá preocupado) com a importância de trabalhar estas partes do corpo. Facto é que, ultimamente, a minha atenção tem incidido, sem uma ordem consciente da minha parte, no meu movimento de braços, em breves momentos de treino e competição. Possivelmente, é resultado do movimento exagerado dos mesmos durante os exercícios da técnica de corrida, ou de quando faço caminhadas (aqui sim, o movimento é conscientemente exagerado). Para já, fica um ponto de interrogação neste assunto.

Em todo o caso, sinto que ainda me falta mais algum tipo de trabalho para os braços e para o core. Como ainda estou indeciso, tenho me remetido a exercícios básicos, para pelo menos não os deixar a preguiçar diariamente. Assim que esteja mais convicto do que posso fazer para que esta dupla acompanhe a (possível) capacidade muscular das minhas pernas, partilharei essas ideias.

 

Treino Intervalado

Guardei as famosas “séries” para o fim. Os treinos onde, aparentemente, é mais fácil avaliar resultados. Nestas primeiras semanas, onde estou a privilegiar séries mais curtas e com um intervalo (repouso) mais prolongado, foi, acima de tudo, possível confirmar as minhas lacunas. Para isso, convém desde já relembrar que sou incapaz de correr 200 metros em 30 segundos (nem a ganhar balanço ante do relógio apitar).

Curiosamente, desde o meu último artigo que não voltei a fazer treinos de séries de 200m. Mas fiz um que consistiu no seguinte: 1 x 350m + 1 x 300m + 1 x 250m + 1 x 200m + 1 x 150m, com recuperação de 400 metros a passo. O objectivo era fazer no máximo do esforço. Se o objectivo dos 30′ aos 200 metros falha, é preciso ver a distância abaixo. Pela mesma lógica de velocidade, a meta passa a ser fazer os 150 metros em 22.5 segundos. Como a imagem seguinte revela, isso não aconteceu, embora tenha ficado muito perto. Haverei de repetir este treino nos próximos tempos para comparação.

 

Treino Atletismo Velocidade Base - Abril 2021

 

A juntar a isto, dois treinos de 4 x 400 metros, com 3 minutos de intervalo. O objectivo indirecto, mais uma vez, era correr no máximo do esforço. Isto porque, idealmente, deveria apontar para os 66′ nestes 400 metros. Todavia, dada a minha incapacidade, esta é uma meta que fica pelo caminho. De salientar que as condições destes treinos não foram as ideais, mas o sítio foi o mesmo. Com duas séries em cada direcção, esta recta transforma-se num falso plano a subir e a descer, de forma alternada. Em ambos os dias estava vento, sendo que a 21 de Abril tinha vento contra nas repetições que eram ligeiramente a descer, e a favor nas inversas. Como tal, os resultados foram equilibrados:

 

Treino 4 x 400m com 3 minutos intervalo

 

Por seu lado, no dia 30 de Abril, tinha descida e vento favorável num sentido, subidas e vento de frente no outro. Aqui é notória a minha falta de velocidade, pois mesmo num percurso que desce um pouco, e a ser “empurrado” pelo vento, revelei dificuldade em chegar aos 66 segundos quando, se tivesse capacidade, deveria fazer melhor nestas condições favoráveis. Por seu lado, quando enfrentei a ligeira subida e o vento, os registos ficaram, de forma expectável, mais lentos. Em ambos os casos, é de salientar que na quarta repetição, a máquina já ia toda “desconchavada”. Das duas vezes, cheguei a meio dessa série em grandes dificuldades, o que encaro como um bom indicador. Isto é, não me estou a poupar nas repetições anteriores, como é desejável. Afinal de contas, há que activar as fibras rápidas que gozam férias há muitos anos. Para isso, parece-me pertinente “desgastar” as que trabalham com frequência, a fim de que as outras sejam chamadas ao serviço.

 

Treino 4 x 400m com 3 minutos intervalo

 

Recorde Pessoal aos 1500 metros

Este artigo (não) fecha com o meu desempenho do dia de hoje. Na Maia, no Estádio Professor Doutor José Vieira de Carvalho, apresentei-me para correr os 1500 metros. Uma distância que corri pela segunda vez na minha carreira. A primeira experiência foi mais para obter uma marca, e as condições, diga-se, não foram as melhores. Hoje, embora tenha chovido bastante nas horas que antecederam a prova, e o piso estivesse molhado, pelo menos a chuva não incomodou nessa altura e a temperatura estava boa para a práctiva desportiva.

Antes da prova, se me perguntassem, o primeiro objectivo era melhorar o recorde pessoal de 4:39.21, estabelecido em 29 de Dezembro de 2019. O segundo, e se me pedissem para apontar um registo, o “sonho” mostrava uma marca abaixo dos 4 minutos e 20 segundos, e a consciência intuia-me para algo como 4 minutos e 22 segundos, ou aí perto. Como não havia cronómetro durante a prova, e não queria estar a quebrar o movimento ao olhar para o relógio, acabei por fazê-la com base nas sensações. Apanhei um grupo bom e, para minha alegria, percorri a distância em 4:20.88, o que me deixou muito feliz. Uma conquista que não apaga o facto de me ter apercebido claramente das minhas lacunas na velocidade. À entrada para a última volta, eu sentia-me ainda com boa capacidade para aquela altura da corrida. Cerca de 300 metros mais à frente, na curva para a recta da meta, notei o problema de base. Embora não me sentisse propriamente sufocado pelo ritmo (ainda tinha mais oxigénio para queimar), na ausência de um andamento superior no corpo, nada mais se passou.

 

Resultados onde menos esperava?!

Terminada esta longa apresentação de trabalho técnico, treino específico, e até de competição, parece-me fundamental fechar esta sequela com um outro dia de trabalho. O treino que mais confiança me deu para a prova de hoje, e no qual senti algo bastante positivo. Com os 1500 metros agendados para este dia, e no receio de desgastar as fibras rápidas para tal “teste de avaliação”, na passada quinta-feira optei por fazer 5 x 1000m, com 1 minuto de descanso, para um ritmo médio de 3:20/km. Num percurso maioritariamente plano, ou perto disso, senti-me demasiado bem em comparação com treinos semelhantes que fiz, no mesmo sítio, há algum tempo atrás. À excepção da primeira série, que enfrentei com alguma tolerância por ser a fase final do meu aquecimento, a verdade é que me senti sempre capaz de controlar as repetições seguintes, acabando por correr mais rápido que o previsto, sem que para isso tivesse que ir ao limite.

 

Treino 5 x 1000m com 1 minuto intervalo

 

Portanto, no meio de tanto treino específico, talvez este seja o mais revelador de que alguma transformação pode estar já a acontecer (para melhor) na minha velocidade base. A ver vamos o que dizem os próximos tempos. Contem com nova sequela assim que tiver matéria para isso e me parecer indicado.

Bons treinos 🙂

 

Nota: O autor escreve de acordo com o antigo Acordo Ortográfico.

Créditos Imagem de Capa: Mónica Fernandes

 

Ligado ao desporto desde pequeno, deixei definitivamente o futebol em 2016 para me dedicar afincadamente ao atletismo. Desde aí que muita coisa mudou na minha vida, a qual não imagino sem o desporto.

O Vida de Maratonista nasce então da minha paixão pelo atletismo, com contribuição especial da minha Licenciatura em Engenharia Informática, que me permitiu criar a solo este espaço de aventura e opinião, e torná-lo agradável a quem o visita.

Este artigo tem 2 comentários

  1. Vi por acaso esse teu site. Olha só, se você aceitar, tudo bem; se não , deixa quieto. Só que pelo seu comunicado inicial vejo, ou sinto , ou percebo, que te falta uma informação básica e técnica inicial, para aumentar e manter a velocidade, em tiros de 100 , 200, 400 ou mesmo 800 ou 1500 m. Se puder contribuir , queira você ou não , mesmo não me pedindo para te treinar , creio que podemos começar por um princípio básico. ” TERMINAR A PASSADA”!!! EM PRIMEIRO LUGAR! JA DIZIA MEU TREINADOR E EU MESMO REPITO : ” CORRER É MAIS DIFICIL, PRECISA MAIS EQUILIBRIO DO QUE ANDAR DE SKATE !!”. BEM , RECOMEÇANDO: TERMINE A PASSADA. ESTENDA A PERNA, A EXTENSÃO DO PÉ E TORNOZELO, A EXTENSÃO DO JOELHO, A PISADA NA PLANTA DO PÉ , O CALCANHAR TOCA o solo depois. Segundo : A ELEVAÇÃO NATURAL DO JOELHO E COXA , BEM ALINHADOS ADIANTE . Terceiro: Empurre atrás , e a pisada adiante , deve ser totalmente paralela , alinhada a uma longitudinal horizontalidade, na qual os pés tocam o solo exatamente à frente , sem nenhum desvio lateral. Acontece com frequência um imperceptível zig zag . E aí , perdem-se 5 cm , 8 cm ou mesmo 10 cm em cada passada . Mesmo que você seja mais forte, explosivo e veloz que seus adversários, se você desvia discretamente as passadas , como é comum acontecer , você vai correr mais de 1 ou 2 ou mais metros no final. É. Pois é. Manda seu “emêio”, que te mando uma foto. Ou manda pelo vat zap

    1. Olá Gregório,
      grato pelas dicas. Eu vou juntando os comentários e as opiniões das pessoas que têm essa iniciativa (gesto que aprecio!) ao que já estudo, leio e practico. E depois tiro as minhas próprias conclusões e muitas vezes partilho. Sou a minha própria cobaia, mas é assim que me divirto, aprendo e desfruto do atletismo. Obrigado pela oferta de qualquer das formas. Tudo de bom!
      Abraço.

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