Não consigo precisar há quanto tempo (deve andar perto de dois anos) passei a consultar…
Corpo ou Mente? Quem esteve mal no GP Atletismo de Guilhovai?
As boas relações constroem-se e consolidam-se com o passar do tempo. Por muito que queiramos apressar ou prolongar as coisas, a verdade é que isso não é mais do que uma fachada frágil de proteção.
O tempo, em parceria com o destino (esteja ele decidido ou entregue ao nosso livre arbítrio) decidem quando e de que forma vão surgir as mais improváveis provações diante de nós. São elas que nos separam ou nos aproximam ainda mais. E nesta história de relações, não existe mais duradoura que a ligação entre o nosso corpo e mente. Porque essa é inquebrável! Acorrentados um ao outro, cabe-lhes decidir se vão passar uma vida a contrariarem-se ou a incentivarem-se. Da minha parte, estes meus meninos sempre tiveram uma sintonia saudável. Quando EU, uma espécie de Deus para esta dupla, lhes coloquei à frente o atletismo, a relação tornou-se ainda mais forte, como os resultados ao longo dos tempos o têm demonstrado.
De facto, só quando a mente decide incentivar o corpo a dar mais um bocadinho, ao mesmo tempo que confia nas suas capacidades, é que as coisas funcionam na perfeição. Esta é mesmo a palavra-chave para o caso. Perfeição! Um patamar ambicioso que eu ainda não consegui que estes dois atingissem, mas para o qual mexo os cordelinhos todos os dias.
No dia 10 de Junho, ou por força da conquista da Liga das Nações na véspera, ou devido às comemorações do Dia de Portugal, um dos dois devia estar bêbado de patriotismo.
Como ia dizer, a relação destes dois tem vindo a intensificar-se. Digamos que têm uma relação de melhores amigos. Raramente se zangam, raras vezes se desiludem e, quando isso acontece, podem não transparecê-lo exteriormente, mas no seu interior já estão a pensar de que forma podem resolver e deitar para trás das costas aquele raro desentendimento.
Este acontecimento é de tal maneira esporádico que até eu, que os vigio há quase três décadas, fiquei surpreendido na passada 2ª feira. Tudo se passou no 1º Grande Prémio de Atletismo de Guilhovai (Ovar). Quando lá marquei presença, não esperava de maneira alguma o que aconteceu. Especialmente depois da ligação tão forte que estes dois demonstraram na prova anterior, a 35ª Meia Maratona de Cortegaça. Nesta última, os dois confiaram um no outro, o que lhes permitiu ultrapassar o forte calor que se fez sentir nesse dia e conseguir uma grande prestação tendo em conta as condições verificadas.
Foi o descalabro. Como se o corpo virasse as costas à mente, ou vice-versa, como quem sai repentinamente de um convívio por estar amuado ou irritado.
Surpreendentemente, no dia 10 de Junho, ou por força da conquista da Liga das Nações na véspera, ou devido às comemorações do Dia de Portugal, um dos dois devia estar bêbado de patriotismo. Embora seja uma justificação insólita, é a única que tenho para a quebra inesperada que se verificou da primeira para a segunda volta da prova.
Ainda hoje estou estupefacto! A estratégia foi exatamente a mesma de Cortegaça, até porque não era uma prova plana e o tempo nunca iria ser famoso. Portanto, relógio no pulso apenas para o registo dos dados e máxima concentração e confiança nas sensações para pautar os ritmos.
Primeira volta? Tudo muito bem. A sentir-me com força, a ganhar lugares, a poupar energias em grupos e a entrar na volta final confiante e com bons estímulos. Todavia, logo a seguir, foi o descalabro. Como se o corpo virasse as costas à mente, ou vice-versa, como quem sai repentinamente de um convívio por estar amuado ou irritado. Um daqueles abandonos sem razão aparente, capaz de deixar o outro com cara de estúpido e a pensar no que disse ou fez de errado.
Enfim. Não deu mesmo para entender … Nem vai ser por estes dias. Porque só quando estes dois voltarem a enfrentar juntos um grande desafio é que vão dar ambos o braço a torcer e, desta forma, clarificar o mal entendido. Porque eles são mesmo grandes amigos! Assim como uma equipa depois de uma derrota quer que o próximo jogo chegue o mais depressa possível para esquecer o último resultado, também eles aguardam desesperadamente pela próxima prova para demonstrarem que foi apenas um acidente de percurso.
Contudo, até esse dia chegar, a ansiedade, o desconforto e a preocupação vão prevalecer. Por muito que custe!
Fotos: António José Leite e Caldas de S.Jorge Sport Clube (Secção de Atletismo)
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