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Maratona De Viena 2024

Informações sobre a Maratona de Viena

No passado dia 21 de Abril, estive presente na 41ª edição da Maratona de Viena (Vienna City Marathon). Num evento composto por 3 provas em simultâneo, tive desde sempre a intenção de participar a solo nos cerca de 42 quilómetros. (In)felizmente, por alguma experiência acumulada nestas andanças, e porque o meu objectivo principal não era o completar da distância, mudei de ideias já depois da linha de partida, ficando-me pela meia maratona. Esse encurtamento, que me retirou visibilidade na questão do percurso, em contrapartida, permitiu-me observar outros aspectos do evento com mais tempo e atenção, que podem ser interessantes para atletas e acompanhantes que marquem presença em edições futuras.

Desde logo, quando em cima digo que me fiquei pela meia-maratona, tal não se traduz propriamente numa desistência, se colocarmos as coisas em termos “oficiais”. Isto porque era possível (estava expresso no regulamento) mudar de ideias já no decorrer da prova e optar pela meia-maratona, sendo classificado nessa competição alternativa. Para isso, por volta dos 20K, bastava escolher a direcção destinada à meia-maratona em lugar da que conduzia os atletas para os 42 mil 195 metros.

Ora, esta opção de derivar, “à última da hora”, para uma distância mais curta, já que ela decorre em simultâneo, parece-me ajustada: quer para a organização, que assim consegue atrair mais participantes, capitalizar no número de “finishers” global, e, uma vez que tem as provas a decorrer em simultâneo, não tem esforços extra com isso; quer para os maratonistas com objectivos mais competitivos, pois nem todos os dias são bons e forçar o completar do percurso “só porque sim” torna-se contraproducente quando se juntam à equação o tempo de recuperação e os objectivos futuros. Foi o que aconteceu comigo: até perto do quilómetro 5, a minha ideia de correr a maratona ainda estava lá. A partir daí, as coisas começaram a mudar, e senti-me grato por ter ali uma “saída de emergência” que não correspondesse à desistência por completo de um evento longe de casa.

Por outro lado, esta permissão em mudar de ideias pode ser ingrata para quem se inscreveu na meia-maratona, uma vez que pode ter de enfrentar concorrência extra não programada. Mas este factor surpresa não advém apenas da maratona a solo. A juntar as estas duas provas, decorre também em simultâneo a maratona por estafetas (total de 4 atletas, independentemente do sexo), cuja distribuição da distância não é uniforme. Segundo o regulamento, este ano foi a seguinte: 15.5 km; 8.6 km; 6.7 km; 11.395 km, sendo que o primeiro estafeta de cada equipa (e apenas este), depois de entregar o testemunho tinha a possibilidade de continuar em prova e participar, a nível individual, na meia-maratona ou até mesmo na maratona.

Pessoalmente, pude constatar que houve uma grande aderência à maratona por estafetas. O corredor montado pela organização, aos 15K, onde era feita a entrega do testemunho, parecia interminável (passo o exagero), com muita gente à espera para iniciar o seu percurso e, enquanto isso, a funcionar como multidão de apoio para os atletas que ali iam passando. Mais à frente, terminada a minha prova, e já no papel de espectador junto da recta da meta, gostei de ver muitas das equipas a cortarem a linha de meta com os seus 4 elementos. Porém, de referir que a via (corredor com barreiras) que antecede a meta não é muito larga, pelo que é necessária alguma atenção por parte destes grupos para não atrapalhar nem obstruir o espaço a outros corredores que possam vir em ritmos mais elevados. Volta e meia, surgia um descuido, mas, de um modo geral, foi bonito de se ver. De igual modo, era notório o contraste, em termos de desgaste, entre aqueles que estavam a concluir a sua maratona a solo e os estafetas que vinham apenas do último segmento e ali se apresentavam bastante mais frescos. Por mais que se vá ao limite nas duas distâncias, os maratonistas têm sempre uma cara e uma postura em que o cansaço (e por vezes até a alegria da superação) é muito mais evidente.

E por falar em meta, a área que circunda essa zona estava repleta de espaços para miúdos e graúdos. Desde divertimentos a sítios para comes e bebes, numa zona que, à semelhança de tantas outras em Viena, era um misto de espaços verdes e construções humanas, muitas delas com dotes artísticos. Portanto, familiares e amigos dos atletas em prova (ou quem quisesse) podiam passar ali um excelente bocado enquanto esperavam a sua chegada. A aderência era significativa, numa manhã fria, mas, felizmente, com algum sol. O frio tornava-se apenas desagradável quando o vento se fazia sentir, o que acontecia com alguma regularidade. Embora, devo dizer, não me pareceu um grande inimigo para quem estava em movimento. Fiquei com essa ideia, pois durante a minha prova não cheguei ao ponto de lhe rogar pragas. Aliás, ao olhar para os tempos alcançados este ano, se não vi mal, em ambos os sexos eles correspondem à 3ª melhor marca da prova (02h06m35s e 02h24m08s, nos homens e nas mulheres, respectivamente), desde que ela existe.

De facto, e de volta a mim, creio que a escolha da Maratona de Viena para melhorar a minha marca pessoal, apesar de ter ficado a meio caminho, foi uma boa escolha. Não coloco de lado a hipótese de lá voltar um dia para fazer toda a distância. Não é certamente a maratona mais rápida do mundo, mas é uma prova com boas condições e de acesso relativamente fácil. O percurso é bom (e bonito!), a participação, no total das 3 provas, segundo apurei, excedeu as quarenta mil pessoas, e algo que me surpreendeu bastante pela positiva foi a presença assinalável de público ao longo do percurso e a maneira como este incentivava os atletas. Sendo eu um perfeito desconhecido naquelas bandas, o que era reforçado pelo meu nome, que não deixava margem para dúvidas nesse aspecto, fiquei deveras admirado com a quantidade de pessoas que olhou para o meu dorsal e chamou por mim. Não sei explicar porquê, mas não tinha, de todo, a expectativa de ver tanta gente e ser tão acarinhado nesta prova. Em especial por isto e pela beleza do percurso, fiquei com imensa pena de não ter percorrido a distância completa.

Por fim, alguns apontamentos extra que não posso deixar de mencionar.

A Expo da maratona é muito similar às que tenho encontrado noutros países. Na verdade, a única grande diferença, que me tem permitido dividir em dois grupos estas exposições, tem sido a questão de haver um local próprio para almoço ou jantar (que até permite a reunião e o convívio entre os atletas), mediante o pagamento prévio de um valor. Em Viena, não encontrei essa hipótese, mas não faltavam barracas mais pequenas onde se podia comprar comida.

No caso do guarda-roupa da prova, os sacos são entregues em camiões, consoante o número do dorsal, que depois fazem o transbordo da partida para a chegada (são locais diferentes). A recolha, quando o atleta termina a sua prova, é novamente feita nesses camiões.

Ainda que o domingo seja o grande dia, onde até segundo o programa parece haver uma pasta party ao final da tarde (o que não tive oportunidade de ir espreitar para poder relatar), também o sábado, véspera da maratona, tem uma agenda bastante preenchida durante a tarde, da qual fazem parte provas para os mais pequenos, além de uma corrida de 5K. De ter em conta que estes eventos limitam a circulação pela cidade na zona onde se realizam.

Mesmo a terminar, e de volta à estrada, de referir que o percurso tem várias zonas por ondem passam os eléctricos, no centro da cidade, e que, não sendo problemáticas, exigem alguma atenção para com as linhas existentes no chão. Em especial para atletas que seguem na rectaguarda de grandes grupos, de onde é mais difícil de ver o piso mais adiante. Uma palavra para os abastecimentos, onde líquidos como água e powerade são feitos em copos de papel, exigindo especial cuidado para não serem entornados durante a recolha.

Fica o meu feedback sobre a Vienna City Marathon, para o caso de vos poder ser útil. Boas corridas!

 

Nota: O autor escreve de acordo com o antigo Acordo Ortográfico.

 

Ligado ao desporto desde pequeno, deixei definitivamente o futebol em 2016 para me dedicar afincadamente ao atletismo. Desde aí que muita coisa mudou na minha vida, a qual não imagino sem o desporto.

O Vida de Maratonista nasce então da minha paixão pelo atletismo, com contribuição especial da minha Licenciatura em Engenharia Informática, que me permitiu criar a solo este espaço de aventura e opinião, e torná-lo agradável a quem o visita.

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