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Como Nasceu A Corrida De S. Silvestre? - História Do Atletismo

O sentido de oportunidade das São Silvestre

O passado sábado deu por concluído mais um longo ciclo de corridas de São Silvestre, disputadas por todo o Portugal. A contagem arrancou logo a 1 de dezembro, para apenas terminar a 5 de janeiro, contabilizando-se mais de 50 provas com este nome.

Há cerca de um ano atrás, publiquei aqui um artigo sobre a história que dá nome a este evento tão popular. Já nos últimos dias, dei por mim a perceber que este evento tem um sentido de oportunidade muito grande, que se estende a todos os seus intervenientes e que deve ser devidamente aproveitado. Convém lembrar que esta é uma das alturas do ano em que a comunicação social dá mais atenção ao atletismo em Portugal.

 

Uma montra para os atletas

Em primeiro lugar, sempre os atletas! Com tantas provas a realizarem-se a cada fim de semana, algumas mesmo à 6ª feira, o pelotão nacional alonga-se por todo o país. Esta distribuição afeta o nível competitivo de alguns destes eventos, tornando-se a altura ideal para:

  • alguns atletas regressarem à ribalta;
  • para outros, com classificações acima da média, recuperarem a motivação outrora perdida;
  • para atletas de um lote mais restrito, tantas vezes ofuscados por grandes nomes, também desfrutarem um pouco da sensação de ganhar provas, de as liderar, de subirem ao pódio, já que muitos deles também trabalham arduamente nesse sentido, todos os dias, e com muitos sacrifícios pelo meio.

Aparte: neste último ponto nem me refiro ao caso do António Pedro Rocha que foi o que se tornou mais mediático. Para mim, até nem foi de todo uma surpresa. Basta olhar para todos os resultados fantásticos que ele alcançou nos últimos tempos. A meu ver, o dia da São Silvestre do Porto foi “apenas” aquele em que Portugal o premiou justamente por tudo o que ele fez no último trimestre de 2018.

 

A oportunidade do ano para quem organiza provas

Mais eventos significa também mais organizações a serem postas à prova. Dizer que estas acabam por competir entre si não fará muito sentido. Por outro lado, a presença de tamanha variedade no terreno ajuda os participantes a questionarem-se do porquê de algumas cobrarem menos e retribuírem mais, enquanto outras cobram mais e retribuem menos.

Esta é uma questão muito importante para o atletismo, na qual o atleta tem um papel determinante. Participar em diversas provas significa contactar com realidades diferentes neste aspeto.

No futuro, já com um maior conhecimento sobre o assunto, o atleta irá optar por provas que cumprem com aquilo a que se comprometem, que lhe são mais acessíveis, e que de alguma forma, já depois da sua participação, mostram que o dinheiro da inscrição foi bem empregue. Isto não só vai premiar as organizações que melhor organizam as suas corridas e que mais reconhecem o esforço dos atletas, como colocar um travão nos preços praticados por outras, que vários meses antes do evento já têm preços exorbitantes e no grande dia deixam muito a desejar.

O praticante de atletismo em Portugal está habituado a receber tão pouco que às vezes um doce e um chá quente no final faz toda a diferença … então com este frio!

Deste prisma, uma organização que dê uma resposta positiva à oportunidade que o atleta lhe concede poderá muito bem ser sinónimo de contar com ele noutras provas que venha a organizar no futuro. Se não for antes, na edição da São Silvestre do ano seguinte.

 

Marketing turístico gratuito

Se olharem para a lista de corridas de São Silvestre, certamente que vão identificar algumas com nomes de regiões ou freguesias que nunca ouviram falar. Pois bem, neste sentido, esta prova popular é também uma oportunidade para as várias regiões mostrarem que este país é muito mais que Porto e Lisboa, cujo marketing televisivo já arrelia.

As freguesias que optam por incluir este evento no seu programa natalício não só podem mostrar aquilo que as distingue (costumes, tradições, gastronomia, etc …), como cativarem os presentes em prova a um possível regresso ao local. O atleta também gosta de variar nas provas. Ir a um sítio novo e ser bem recebido é o primeiro passo para criar no indivíduo o desejo de ali voltar.

 

Convívio familiar reforçado

Grande parte das corridas de São Silvestre disputa-se ao final da tarde/início de noite, contrariamente à maioria das provas do calendário de atletismo nacional. Esta é, portanto, mais uma caraterística que a distingue de outras provas.

Ao realizar-se na parte final do dia, altura em que se verifica uma maior ausência de compromissos, a participação numa prova destas pode ser apenas a primeira parte de um programa familiar que nesta época festiva é sempre premiado por um toque mágico.

E para os interessados em juntar este ponto ao anterior, porque não a participação numa São Silvestre longe de casa, com direito a estadia para a família? Fica a sugestão.

 

Conclusão

Competitivamente falando, e no sentido literal da palavra “atletismo”, as corridas de São Silvestre não serão as primeiras provas da lista a serem dignas de mais atenção por parte de quem divulga e difunde informação. Todavia, dada a situação privilegiada em que se encontra, esta corrida popular poderá ser utilizada como ponto de partida para esse objetivo. Ou seja, esta altura do ano deve ser aproveitada ao máximo para o atletismo se projetar a si mesmo.

Numa vertente de negócio? Naturalmente, pois também é importante e necessário para se oferecer melhores condições aos atletas profissionais e que muitas vezes vão lá fora representar Portugal.

Numa vertente competitiva? Igualmente. Como referido em cima, mais atletas a atingirem grandes resultados classificativos será sinónimo de maior motivação para eles e de inspiração para quem os acompanha. Ao existirem mais atletas motivados e dispostos a ir mais longe, isso poderá também contribuir para um maior equilíbrio na disputa de cada prova, durante o resto da época desportiva.

Por último, mas tão ou mais importante, para dar a conhecer o espírito e energia positiva que envolve os seus participantes e adeptos, e que estes posteriormente transportam para o outro lado das suas vidas. Resultado? Uma maior probabilidade de se mudar o rumo de vários acontecimentos … para melhor 🙂

 

Ligado ao desporto desde pequeno, deixei definitivamente o futebol em 2016 para me dedicar afincadamente ao atletismo. Desde aí que muita coisa mudou na minha vida, a qual não imagino sem o desporto.

O Vida de Maratonista nasce então da minha paixão pelo atletismo, com contribuição especial da minha Licenciatura em Engenharia Informática, que me permitiu criar a solo este espaço de aventura e opinião, e torná-lo agradável a quem o visita.

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