Primeiro fim de semana de outubro 2022. Que aconteceu? Tive o privilégio de estar em…
Memórias de 5 Edições da São Silvestre de Espinho
O tempo não espera por ninguém! Isto para não estar sempre só a dizer que passa a correr. A 4 de janeiro de 2020, alcancei uma mão cheia de participações na São Silvestre de Espinho. Um feito que já me permite reunir um lote considerável de peripécias em torno desta prova e criar um artigo castiço.
Não vivo do passado, mas sabe-me bem recordar as minhas aventuras de quando em vez. Cada corrida tem a sua história, e a diversidade de pontos fortes que pautaram as minhas participações nesta prova, ao longo das suas últimas 5 edições, comprova isso mesmo. Umas mais felizes do que outras, mas a vida é assim mesmo. Segue-se a lista.
Memórias de 5 Edições da São Silvestre de Espinho
O entusiasmo e um novo amigo – 2ª Edição (2016)
A minha primeira prestação foi também a pior. A minha estreia no atletismo na estrada aconteceu neste Município e, quase um ano depois, voltava a correr em Espinho. Estava cheio de vontade de correr novamente perto de casa e deixei-me dominar por esse entusiasmo. Resultado? Andei demasiado rápido na primeira metade da prova, acabando por ter uma segunda parte em quebra e muito sofrida. Na altura, valeu-me o Filipe Fontes, um atleta que eu não conhecia de lado nenhum (ironicamente, agora representamos o mesmo clube) e que percebeu as minhas dificuldades. O Filipe acompanhou-me quase até à meta, atenuando o calvário em que eu próprio me tinha metido. Um gesto que, naturalmente, me marcou na altura e pelo qual ainda me sinto muito grato.
O comboio – 3ª Edição (2017)
À semelhança do ciclismo, também nas provas de atletismo se formam muitas vezes grupetos com atletas que vão assumindo a despesa da corrida à vez, na frente do grupo, enquanto os restantes se resguardam. Pessoalmente, tanto me resguardo como puxo, consoante as sensações e sem dar grandes indicações aos restantes membros do grupo. Não gosto de estar dependente de ninguém, nem que os outros dependam de mim, seja para ir para a frente ou ficar para trás.
Porém, nesta prova acabei por entrar na onda quando fizeram uma chamada tão explícita à colaboração de todos. Lembro-me do meu amigo Hugo Bastos e outro atleta a incentivarem a rotatividade do pessoal na frente do grupo. Foi estranho naquela altura, pois ainda não tinha tantas experiências de corrida como agora, e ao mesmo tempo engraçado e motivador. Mais do que um corredor, senti-me um ciclista. Acabei por fazer quase toda a prova ali, com o grupo a partir-se apenas na parte final.
Desesperado pela competição – 4ª Edição (2018)
Sou capaz de aguentar algum tempo sem competição, mas lutar contra essa “tentação” consome-me bastante energia. Depois de ter participado na Maratona de Valência (novembro de 2017), meti tempo de descanso e de treino até ao final do ano. Curiosamente, foi nesta altura em que pus em prática, pela primeira vez, a metodologia de treino de Arthur Lydiard que tenho seguido por estes dias e aqui partilhado os desenvolvimentos.
Como tal, quer pela ausência da competição, quer para fazer um primeiro teste a um plano de treinos limitado a ritmos aeróbicos fortes, estava desejoso por testar a minha máquina. Após a partida, resisti à tentação de partir demasiado rápido, meti um ritmo que me pareceu ajustado nos primeiros quilómetros, e a partir dali fui ganhando posições e galvanizando-me. Uma prestação com a qual fiquei muito satisfeito e que teve um bónus na parte final. Não sendo muito normal, acabei por ser segundo num sprint com um grupo de 4 atletas que eu alcançara pouco antes do quilómetro final.
Novo percurso, pouca celeridade nos prémios – 5ª Edição (2019)
Provavelmente por resultado das obras no Município, o percurso da prova mudou na sua 5ª edição. Se este novo trajeto, que ainda se mantém e a meu ver é uma melhor solução para público e atletas, foi um ponto positivo, o mesmo não se pode dizer da logística que envolveu a entrega dos prémios por equipas. A demora na verificação dessa classificação obrigou-me (e a muitos outros) a estar muito tempo ao frio à espera da cerimónia. Pior fiquei quando já se falava que não haveria cerimónia para essa classificação e que os resultados seriam publicados mais tarde. Minutos depois de ter abandonado o local, a cerimónia aconteceu. Bah …
Jogo do gato e do rato – 6ª Edição (2020)
O problema das provas comerciais é a sua despreocupação em atrair um maior número de atletas competitivos. Na maior parte dos casos, os atletas do curto pelotão da frente acabam por ficar bastante dispersos. Isto é, com um espaço tão grande para trás e para a frente de si que a certa altura optam por gerir a sua posição em vez de tentarem quebrar os seus limites (porque falta esse estímulo!).
Felizmente para mim, na edição deste ano, as condições foram atípicas em relação à maior parte das minhas experiências. Não havia grupos, mas as circunstâncias de corrida colocaram atletas na dianteira ao meu alcance, e outros que vinham atrás e me tinham na mira. Este cenário, de presa e predador em simultâneo, aliado à luta pela vitória na classificação por equipas e ao apoio extra que recebi em Espinho, mantiveram os meus níveis de concentração e motivação sempre em alta. Com isto descobri também aquela capacidade de lutar e sofrer mais um bocadinho.
Resultado? A minha melhor prestação na São Silvestre de Espinho, até hoje 🙂
Créditos Foto de Capa: Atletas.net
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