No passado dia 21 de Abril, estive presente na 41ª edição da Maratona de Viena…
Maratona de Valência 2017 – Análise
O Vida de Maratonista nasceu poucos dias depois da minha participação na Maratona de Valência Trinidad Alfonso 2017. Dada a proximidade dos acontecimentos, inaugurar a secção de análise a provas do blog com um artigo sobre esta prova pareceu-me ser a melhor escolha possível.
Depois de Porto e Amesterdão, em Valência realizei a minha terceira maratona. E assim como viajar, participar em maratonas de diferentes países permite-nos observar e tirar outro tipo de ilações em relação aos eventos do que se estivermos apenas restringidos ao que se passa em Portugal. Dá-nos outra abertura. Com base nas comparações possíveis entre estas provas, posso dizer que a Maratona de Valência superou todas as minhas expectativas. Já de seguida, vão perceber o porquê.
Véspera da Prova
Tudo começa na véspera da prova. Altura em que encontramos grandes comitivas de atletas, alguns grupos mais reduzidos, e vários casais atletas em passeio pelos vários cantos da cidade. Automaticamente, isto cria um ambiente especial, particularmente para quem está ali para fazer a prova. Rodeados por tantos outros atletas, isso não só é entusiasmante como nos faz sentir em casa. Sentimo-nos no país das maravilhas.
Ora um evento com quase 19 mil pessoas a correr a maratona e cerca de 8 mil na corrida de 10K (prova que se realiza em simultâneo com a maratona), sem dúvida que parte em vantagem em comparação com maratonas mais pequenas. Todavia, certamente que a organização da prova tem também a sua quota parte de mérito em conseguir atrair tanta gente.
Por esta altura, poderíamos fazer a pergunta se estavamos perante uma transformação da cidade apenas por influência dos seus atletas. Não é o caso. Uma história para vos contar mais à frente. Por agora, quero apenas referir a pulseira da prova que concedia descontos aos atletas em vários pontos turísticos de Valência, e os vários cartazes promocionais dos lojistas nos seus estabelecimentos, muitos deles com um layout que visava a promoção deste grande evento.
A Exposição
A cidade de Valência é constituída por uma parte com edifícios belos, mas de carácter antigo, para depois apresentar uma outra zona constituída por 4 a 5 edifícios com designs altamente modernos, todos muito perto uns dos outros.
A Expo da maratona era num desses belos edifícios, assim como a Paella Party. É isso mesmo. Em Valência, em substituição da pasta party, os atletas tinham direito à paelha, comida tradicional da região.
Voltando à exposição em si, apenas realçar o trânsito fluído das bancas da organização, nas quais os atletas levantavam o seu dorsal e tudo o resto a que tinham direito. Fora isso, por lá podíamos encontrar as habituais bancas de comércio desportivo, de divulgação de provas, marcas, e de outras categorias também relacionadas com o evento. Em resumo, uma exposição muito semelhante à de outras maratonas.
Uma nota para a aposta de marketing forte que a organização do evento aplicou na t-shirt da prova. Através de uma técnica implantada na própria t-shirt, é possível visualizar o percurso da maratona na peça à medida que o nível de transpiração do atleta aumenta. Uma curiosidade engraçada.
O Público
Inesquecível! Estamos a falar de uma prova com mais de 42km. Quarenta e dois quilómetros! Havia público por todo o lado. Contam-se pelos dedos as zonas em que não havia ninguém. Fiquei de facto impressionado com a “afición espanhola”. Foi extraordinária. Notem bem. Estou a falar de público ativo. As pessoas não estavam apenas a ver. Estavam a apoiar os atletas que passavam, incessantemente.
Ao longo do percurso, espaçadas por distâncias de 1 ou 2 quilómetros (se tanto!), surgiam vários grupos equipados a rigor e com algum tipo de coreografia para incentivar e animar os atletas. Lembro-me de ver Espartanos, Índios, Stormtroopers – se não me falha a memória – entre muitos outros que não consigo propriamente caracterizar em poucas palavras.
O Percurso
Rápido e com excelente piso. Propício para serem estabelecidas marcas pessoais homologadas. O dito cujo vai aos quatro cantos da cidade, o que obriga o trânsito da cidade a parar literalmente. Mas se não fosse pelo trânsito, seria pela forte participação dos seus habitantes na prova, quer a correr, quer a apoiar os atletas.
Em relação à partida, dá-se num dos extremos de uma ponte. De um lado da estrada parte a Maratona, do outro lado parte a prova de 10K, ambas no mesmo sentido, o que dá origem a um cenário fantástico.
A chegada é memorável, com o último quilómetro a ser no recinto do edifício onde decorre a exposição no dia anterior. Por ali existe um lago, sobre o qual é montada uma plataforma de propósito para lá ser colocada a linha de meta da maratona. Logo depois de desfrutarmos daquele cenário incrível, e de sermos invadidos pelo dever de missão cumprida, aguarda-nos uma medalha que, sem grandes adornos, consegue ser bela.
Uma palavra para os abastecimentos que são sempre muito importantes para os atletas. Aparecem de 5K em 5K e estão muito bem sinalizados. São bastante alongados, para conseguirem abastecer os grandes grupos que lá passam, e contém água, fruta, casas de banho, esponjas, bebidas isotónicas e serviços médicos. Existem ainda dois pontos de distribuição de géis energéticos na segunda parte da prova, mas separados dos outros postos de abastecimento. Ou seja, são postos exclusivamente dedicados aos interessados nos géis. E porque na parte final começam a surgir as famosas cãibras e as dores nas pernas a muitos atletas, também estão identificados alguns membros do evento com o chamado “spray milagroso” na mão, prontos a auxiliarem os atletas com este tipo de dificuldades.
Ainda uma nota final neste assunto. O percurso da Maratona de Valência tem uma passagem pela zona de partida (e muito próximo da meta) por volta do quilómetro 24. Este é perpendicular ao quilómetro 40/41, que é precisamente do outro lado da mesma estrada. Mas todo o restante caminho é diferente. A Maratona é uma prova especial, portanto este não deve ser um fator desmoralizador. Todavia, poderá ser uma tentação para quem esteja em dificuldades ou tenha gerido mal a primeira parte da prova a ali abandonar, precisamente por estar perto da chegada.
Conclusão
A Maratona de Valência 2017 vai certamente ficar-me na memória pelo meu recorde pessoal. Todavia, mesmo que não fosse o caso, seria impossível desassociar-me deste evento fantástico por tudo o que referi em cima. Porque não é em qualquer lado que temos a oportunidade de reunir estas excelentes condições.
Finalmente, ao tratar-se de uma maratona internacional, a questão económica nunca pode ser esquecida. Mas até neste caso Valência está em favor de Portugal. A deslocação pode ser feita tanto de carro como de avião, consoante o que seja mais prático e mais barato. A verificar-se a necessidade de alojamento e alimentação na região, também existem preços para todos os gostos sem ser necessária uma pesquisa muito elaborada.
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