Primeiro fim de semana de outubro 2022. Que aconteceu? Tive o privilégio de estar em…
Provas do Ano 2018 – Prémios Vida de Maratonista
Caríssimos Amigos e Atletas,
sejam bem-vindos à primeira edição dos Prémios Vida de Maratonista 🙂
No artigo de estreia desta rubrica anual variável, optei por destacar um conjunto de provas em que participei neste ano 2018, e que se sobressaíram em relação às restantes pela maneira como deixaram marcas na minha pessoa. Sem espaço para nomeações, podem conhecer já de seguida as vencedoras das diferentes categorias.
A loucura e a desilusão do ano – Maratona de Budapeste
A única prova a conquistar dois galardões nesta eleição do Vida de Maratonista.
Como puderam acompanhar ao detalhe aqui no blog, foi uma loucura treinar para esta prova com um ritmo médio objetivo mais rápido do que aquele que tenho em RP na distância da meia-maratona. Uma decisão cuja vontade e o sonho influenciaram claramente a crença nas minhas capacidades da altura e o receio das exigências impostas por alguns treinos.
Embora confirmada como loucura no pós-prova, esta ambição não pode ser considerada uma má decisão de todo. Especialmente se tiver em conta alguns desafios que ultrapassei durante a preparação, cujos frutos poderão vir a ser colhidos no presente e nos próximos meses.
Talvez devido a uma abordagem à prova influenciada pela loucura, a desilusão diz respeito à ausência de um recorde pessoal nesta prova, o qual lá no fundo esperava sempre, independentemente das dificuldades que pudessem surgir. Por escassos segundos, é certo, deixei esse recorde afundar-se no Rio Danúbio.
A experiência do ano – XXX Corrida de S. Pedro (Póvoa de Varzim)
Não me recordo de alguma vez me sentir tão forte psicologicamente numa prova. Uma força cimentada pela boa condição física daquela altura, mas que teve muito mais do que isso.
Não me deixei afetar pela confusão da partida e por não estar nas primeiras linhas. Não moderei a minha determinação por algum vento que se fazia sentir em algumas zonas e que contra-balançou com as boas temperaturas daquele dia para correr. Parti determinado e exclusivamente focado em entrar na casa dos 33 minutos aos 10K, esquecendo possíveis preocupações com grupos, atletas ou circunstâncias de corrida. Fui ganhando posições atrás de posições, sempre à procura de alcançar quem estava no meu raio de visão, à medida que via mais um sonho tornar-se realidade.
Em suma, fui invadido por uma sensação incrível de que nenhuma circunstância iria ser capaz de deitar por terra aquela missão na Póvoa de Varzim. Falar agora parece fácil, mas de facto este estado de espírito não acontece todos os dias, por muito que se deseje. É como se fosse o fim de um caminho que depois de abandonarmos já não sabemos como lá voltar.
De uma outra perspetiva, isto pode ser encarado como um trabalho de investigação. O desafio de, aos poucos, identificar os trajetos necessários para atingir estas vibes raras com mais frequência.
A vitória do ano – 4º GP Atletismo Santa Maria de Lamas
Por falar em experiências, por pouco que esta prova também não arrecadou o troféu anterior. Afinal de contas, também ela me proporcionou experiências únicas, já aqui relatadas.
Mas em relação à estatueta da vitória do ano, ela não podia fugir, pois este Grande Prémio era o único candidato. Uma vitória no sentido literal da palavra, cuja maior importância não é a sua presença no meu Curriculum Vitae desportivo, mas na minha cabeça. Uma conquista que se tornou numa grande fonte de motivação para continuar a trabalhar diariamente e sonhar que um dia ela não será caso único.
O sofrimento do ano – Meia Maratona de Viseu 2018
Como as coisas mudam de um momento para o outro! Numa primeira metade de prova com boas sensações e a ganhar posições, passei para uma segunda metade onde a única companhia que tinha era o calor terrível que naquela hora se fazia sentir à medida que ia subindo e descendo as ruas de Viseu.
Esta foi de facto uma prova muito dura pela exigência do percurso aliada ás altas temperaturas, para lá de que quanto maior a distância mais vamos sentindo estas condições no corpo. Se dúvidas haviam – porque por vezes é apenas a nossa mente a pregar-nos partidas e tudo fica logo bem quando cortamos a linha de meta e respiramos um pouco – elas dissiparam-se ao concluir a distância e sentir o corpo claramente no limite e a precisar de largos minutos para recuperar de todo o esforço.
A surpresa do ano – XVII GP Atletismo Vila da Palhaça
Uma prenda de Natal antecipada, já que foi uma surpresa muito boa! Estava muito reticente em relação ao que poderia fazer neste Grande Prémio. Esperava um registo na casa dos 3:22/KM ou 3:23/KM, quando fui surpreendido por uns 3:19/KM, a roçar os 3:18/KM.
Por ser também o Campeonato Distrital de Estrada, fiz o primeiro quilómetro bastante rápido, a fim de ficar minimamente bem posicionado para controlar as movimentações que me eram possíveis. Acontece que senti-me sempre muito bem até aos últimos quilómetros e nunca cheguei a pagar a fatura do esforço inicial. Fiz de conta que estava sem relógio após o primeiro quilómetro, ouvi as sensações do corpo e fui até premiado por algumas circunstâncias de corrida, nomeadamente as boas condições meteorológicas, o circuito plano, e a presença constante de atletas perto de mim.
Creio que ao desligar-me do relógio durante a corrida acabei por condicionar a minha mente que não soube como interferir. Nem de forma positiva, nem de forma negativa. Resultado? Foram as sensações do corpo a assumirem o comando das operações! E como naquele dia eu fisicamente estava bem, lá fui correndo em direção a uma grande marca.
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