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A Primeira Experiência No Campeonato Nacional De Estrada - Vida De Maratonista

A primeira experiência no Campeonato Nacional de Estrada – Atletismo

Ontem, realizou-se mais uma edição do Campeonato Nacional de Estrada de Atletismo. Com partida e chegada no Estádio Nacional do Jamor, como tem sido hábito nos últimos anos, o evento deste ano teve uma grande novidade. A minha estreia na competição! Como tal, ao invés de falar sobre a prova em si, como fiz o ano passado, desta vez vou aproveitar este espaço para vos contar como vivi e senti esta nova aventura.

 

O ambiente vivido no Centro Desportivo Nacional do Jamor

A festa do atletismo! A reunião de todos os campeões!

Porque antes de falar da prova em si, tenho de destacar o que senti ao ver-me rodeado de tantos atletas oriundos de todo o Portugal. Para uma pessoa que vive e sente o atletismo com tanta intensidade, que deixa que este desporto tenha um grande impacto na sua vida, era impossível passar indiferente àquele ambiente.

Vou tentar usar uma expressão de um filme para tentar converter os sentimentos em palavras. Lembram-se do filme Matrix? Do Morpheus a dizer ao Neo: “Welcome to the real world.“? Talvez seja um bom exemplo, para duas perspetivas diferentes.

Primeiro, numa componente mais social. Com todas aquelas presenças ali, eu senti-me verdadeiramente em casa. Como se o Jamor (onde eu nunca tinha estado!) fosse um espaço frequentado por mim há anos. Não que o sentimento seja diferente nas outras provas. Mas … vamos lá ver … é como comparar uma reunião de família mais chegada e um casamento, onde todos se juntam e ainda outros que nem conheces, mas que sabes estarem ali com a mesma aura e o mesmo espírito. É outro nível de confraternização!

Segundo, numa vertente mais competitiva. TOP 10s em provas regionais e comerciais, com alguns pódios pelo meio? No Campeonato Nacional de Estrada não há por onde fugir à nossa realidade classificativa! É o confronto com a verdade! Um “acordar” daquilo que valemos a nível nacional. Mas sobre este tema, vou falar já de seguida!

 

O frente a frente com a minha realidade competitiva!

Eu fiz um forcing especial para em 2019 estar presente neste evento. Quer para viver esta nova experiência, quer no sentido de ir à procura dessa tal realidade competitiva. Sou uma pessoa que em resultados mede as coisas por baixo, quer para não viver em ilusões, quer para me manter focado no compromisso e na necessidade de trabalhar todos os dias para superar barreiras.

Caríssimos, se não me trai a memória, esta foi a minha pior classificação de sempre numa prova de atletismo (quais maratonas internacionais, quais quê …). Lugar 135 da classificação geral, com tempo de 34min39seg. Hoje, com mais posição ou menos posição, posso dizer que sei o meu valor a nível nacional. Sei também que há muito trabalho pela frente para tentar ser melhor que toda esta gente. Consciente que se fizer bem esse trabalho e acreditar em mim que vou subir mais degraus nesta escadaria cujo topo eu ainda não consigo ver. Um dia de cada vez!

 

A prova e a minha prestação

Em relação à prova, confesso que não estava nas melhores condições. Meti carga durante esta última semana de treino, a pensar já no próximo fim de semana, no qual tenho um grande objetivo. Um desgaste que dou de barato, pois era altamente improvável alcançar um recorde pessoal nesta corrida.

Todavia, tendo consciência das minhas condições físicas, e depois de perceber que o desce e sobe não dizia respeito apenas ao primeiro e último quilómetro, respetivamente, desliguei-me do relógio (não da intensidade!) logo após os primeiros mil metros. Um quilómetro com uma descida muito acentuada (corri-o a 3:04/KM), que no regresso se tornou numa ascensão exigente, com o peso adicional de 9K nas pernas.

Por outras palavras, a prova é de bastante sobe e desce na sua primeira metade, para depois plainar na segunda parte, à excepção da tal subida final. Porém, o que a prova perde nas caraterísticas do percurso, ganha na parte do pelotão de participantes. Passo a explicar.

Reconhecem e identificam aquela adrenalina que libertam noutras provas pela força do “efeito público”? Pois bem, no Campeonato Nacional de Estrada algo semelhante é despertado em nós pelo interminável comboio de atletas que percorre as estradas daquela zona e que se está constantemente a cruzar, quer pelos retornos, quer pela divisão de provas. Para mim, os quilómetros da prova passaram a voar. Parece contraditório, mas tudo graças a um misto de distração e foco. Distração a ver o que se passava do outro lado da estrada, o que me abstraía do meu esforço. Foco quando tentava alcançar mais atletas que seguiam à minha frente.

Não falei disto antes, mas esta será a prova ideal para se fazer de trás para a frente. Para quem vai a disputar o título será complicado. Mas para os restantes será muito vantajoso. Disse-vos que fiz o primeiro quilómetro a 3:04? Pois houve muita a gente a fazer em menos do que isso e a ficar para trás depois. Não havia chip logo após o primeiro quilómetro para agora ver a minha classificação nessa altura e comparar com a da meta. Mas havia sensivelmente ao quilómetro 4.5, que me diz ter ganho 51 posições entre esse espaço e a linha de meta. Como poderia eu prestar atenção ao esforço, quando andava entretido (com todo o respeito por quem passei!) a subir na classificação? Assim claro que o tempo passa a voar …

 

A organização do evento

Em relação a este tema, gostaria também de aproveitar para fazer algumas observações nos seguintes temas. Vou tentar ser o mais sucinto possível, falar apenas do mais importante, e sempre de um ponto de vista construtivo.

 

Atribuição dos dorsais

Não aconteceu apenas com o clube que represento, mas também! Na altura do levantamento dos dorsais, reparamos que nos tinha sido atribuída a letra F na grelha de partida. A terceira e última do grupo de federados masculinos, o que não correspondia ao rendimento desportivo de alguns atletas nossos. Neste caso, de realçar a pronta atitude de um dos responsáveis do secretariado, quando lá nos dirigimos para reclamar, que teve o cuidado de ouvir e resolver a nossa situação.

No entanto, não fomos caso único, como já disse, e também não vou estar aqui a dizer que o problema foi totalmente da organização, dos clubes que tiveram este tipo de problemas, ou de ambas as partes. O que constatei é que de facto a informação não estava acessível, quer no site da Federação Portuguesa de Atletismo, quer no site da Corrida Allianz com os Campeões. Estaria na plataforma Lince? Provavelmente sim! Mas é escasso e significa correr riscos quando estes dados podem estar expostos nos vários meios relacionados com o evento. Quanto maior exposição, melhor para todos!

 

Para lá da linha de meta

Um pequeno grande pormenor. Não sei se alguns dos responsáveis que estavam junto da linha de meta alguma vez foram atletas, e percebo a complicação de ali se concentrarem rapidamente muitos participantes. No entanto, não me parece que a solução ideal para se libertar o espaço da linha de meta com celeridade seja pressionar os atletas a saírem dali, como ouvi alguém a fazê-lo. Aqueles atletas acabaram de despender todas as suas energias num último esforço. Acabaram de tombar no chão de desgaste ou de pousarem as mãos nos joelhos. Há que dar (pelo menos!) uns segundos para respirarem, em sinal de respeito pela sua entrega ao desafio.

 

A transmissão da prova

Para fechar esta secção. A prova foi transmitida em algum meio de comunicação? Que eu tenha conhecimento, não!

Lembram-se de, há poucos dias, vos ter falado nas épocas de maior projeção do atletismo em Portugal, ao longo do ano? De identificar as corridas de São Silvestre como um desses momentos? A meu ver, o Campeonato Nacional de Estrada é daquelas provas cuja transmissão deveria ser encarada como uma obrigatoriedade.

Recordo que em 2018 a prova foi transmitida no canal youtube da FPA e a coisa não correu muito bem na parte final devido a um corte da emissão. Apesar do contratempo, houve um ano de intervalo para se trabalhar sobre esse erro e tentar uma segunda vez. Ou então, reunirem-se esforços com vista a garantir a transmissão noutro lado. Para bem do atletismo, e dos seus melhores atletas da atualidade, pois eles merecem esse destaque!

 

A junção com a “Corrida Allianz com os Campeões”

Pessoalmente, gosto do conceito, mesmo que possa ser uma estratégica mais económica do que com outro fim. Já depois de perceber o quão especial é o Campeonato Nacional de Estrada, apoio o facto de existir a oportunidade dos atletas não federados fazerem parte desta festa, sem risco de o prejudicar, e apenas de o embelezar.

Quem sabe gostem tanto que no ano seguinte já sejam federados!

 

Conclusão

Apesar dos apontamentos menos positivos, esta nova experiência revelou-se bastante especial e, ao seu próprio estilo, diferente de todas as provas em que costumo participar ao longo do ano.

Ontem, trouxe do Jamor a vontade de lá regressar no próximo ano. Será uma oportunidade para desfrutar ainda mais do ambiente mágico que toda a comitiva do atletismo nacional para lá transporta, e de cumprir a missão de fazer parte do TOP 100 da geral.

Parabéns a todos os Campeões Individuais e Coletivos 🙂 Até para o ano!

 

Créditos Foto do Artigo: Luís Duarte Clara

 

Ligado ao desporto desde pequeno, deixei definitivamente o futebol em 2016 para me dedicar afincadamente ao atletismo. Desde aí que muita coisa mudou na minha vida, a qual não imagino sem o desporto.

O Vida de Maratonista nasce então da minha paixão pelo atletismo, com contribuição especial da minha Licenciatura em Engenharia Informática, que me permitiu criar a solo este espaço de aventura e opinião, e torná-lo agradável a quem o visita.

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