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Quem Define Os Nossos Limites No Atletismo

Quem define os nossos limites no Atletismo?

Caríssimos leitores e atletas,

Antes de mais, deixem-me partilhar a minha felicidade convosco. No passado domingo, a minha presença na 5ª Meia Maratona D’Ouro Run permitiu-me dar mais um passo em direção a um dos meus maiores sonhos, uma vez que estabeleci um novo recorde pessoal na distância. Uma marca agora fixada em 01:15:35.

Este novo feito levou-me a fazer algo que a grande maioria costuma fazer quando estabelece recordes pessoais. Isto é, antecipar a nossa margem de evolução e os nossos limites a partir da nova marca. Trata-se de um comportamento difícil de controlar e sobre o qual hoje decidi opinar, através deste artigo.

 

O cálculo da margem de evolução

Há três anos no atletismo, e talvez com um espírito excessivamente competitivo, já me assolou, por múltiplas ocasiões, a questão do tentar encontrar um padrão de evolução para perceber até onde podem ir os meus registos. Também já aconteceu convosco, estou certo?

Pois bem, a meu ver, esta interpelação (algo frequente) da nossa mente pode ser altamente traiçoeira. Afinal de contas, se não tivermos cuidado, ela pode-se resumir a uma escolha que faz lembrar o “Quem Quer Ser Milionário”.

Basicamente, o que a nossa cabeça nos pergunta é: queremos continuar a jogar ou ficamos por aqui? Queremos quebrar mais uma barreira ou estabelecer já um limite para as nas nossas prestações? A nossa decisão será o ponto-chave para o nosso futuro no atletismo.

 

Queremos ser nós os responsáveis pelos limites das nossas conquistas?

Atletas, somos livres de escolher. TODOS NÓS!

Com o poder de decisão do nosso lado, será no momento em que optarmos pelo “ficamos por aqui” que nos iremos auto-limitar. Uma escolha que se pode revelar deveras dolorosa se não estivermos preparados para colocar de lado a nossa vertente competitiva.

Acima de tudo, entenda-se que esta questão vai muito para além dos resultados alcançados. Esses vêm por acréscimo. São o comprovativo de que o trabalho árduo foi executado. Que houve método, disciplina, consistência e, acima de tudo, crença nas nossas capacidades.

Quando somos verdadeiramente competitivos com nós próprios, o que está verdadeiramente em causa é a satisfação e realização pessoal que nos invade quando ultrapassamos um duro desafio. É isto que nos enche de vida e que nos faz esquecer as probabilidades que têm a mania de dizer aquilo que podemos ou não alcançar. É aqui que quero chegar com este meu artigo.

 

Se tenho um sonho, faz sentido ser eu a colocar uma barreira a meio-caminho?

No meu caso em concreto, este tipo de reflexão natural ganha força se a ela juntar os comentários sobre mim – que considero os mais racionais – de vários amigos atletas e praticantes da modalidade, e que posso resumir na frase seguinte. Sou novo no atletismo e posso evoluir, mas velho para evoluir até onde quero.

Lamento. Por esta altura, por mais que esse possa ser o desfecho mais provável, o caminho que eu quero percorrer é outro. Não foi para reforçar as evidências que ingressei no meu adorado Atletismo.

Vim para fazer história! História sobre mim mesmo! Superar os desafios de hoje, para amanhã ter outros mais difíceis pela frente, mas igualmente mais enriquecedores! Vim para combater as estatísticas. Acreditar e mostrar que é possível! Rejeitar o limitador que a minha mente me vai tentar vender, cada vez com mais frequência, durante a corrida da vida que me leva em direção à velhice.

Posso até não realizar o sonho. Porém, cada passo dado na sua direção deixa-me mais feliz. Não necessariamente por ficar mais perto dele, mas porque são estas pequenas vitórias alcançadas que dão significado aos sacrifícios do passado, que por seu lado retribuem com um sabor especial nestes momentos de conquista, em jeito de simbiose.

 

Racionalidade vs Loucura

De volta à situação geral, pergunto. Quem criou a lei que diz que a nossa evolução pára em determinado dia ou idade da nossa vida? Eu desconheço esta situação. Será o padrão das estatísticas? Esqueçam lá isso.

De facto, no caso das estatísticas associadas a este assunto, elas não passam de regras que têm sempre excepções associadas. Excepções mais do que suficiente para nos fazerem acreditar e sonhar. E se tais excepções por algum motivo não existirem, melhor ainda, pois tal significa que podemos ser os primeiros a consegui-lo.

Resumindo, tudo se remete a escolher entre a resignação à racionalidade ou à manutenção de um estado de loucura. De fé em nós mesmos!

Para quem é competitivo, é tão mais divertida e enriquecedora esta segunda escolha. Pode ter mais oscilações, mas certamente nos deixará muito mais realizados. Especialmente nos momentos em que provarmos a nós mesmos que somos capazes.

 

Respeitar a ciência sem ficar intimidado por ela

Atletas, deem um pouco mais de trabalho aos cientistas e aos estudiosos do cérebro humano.

A ciência tem uma lista infindável de argumentos para vos colocar um limitador. Seja o talento genético, a ausência da juventude de outros anos, ou até mesmo os estímulos que ficaram por ser treinados e desenvolvidos durante a nossa fase de crescimento e que agora podiam fazer de nós atletas mais aptos.

Aceitemos isto tudo. É legítimo! Contudo, não deixemos também de dar atenção àquele bocadinho de loucura que todos temos dentro de nós. Aquele pedacinho que nunca envelhece e que nos faz sentir livres.

Já dizia o jogador de basebol, Leroy “Satchel” Paige. E desculpem não traduzir, mas creio que a frase iria perder algum do seu significado se o fizesse.

 

Age is a case of mind over matter. If you don’t mind, it don’t matter.

 

Um ensinamento inspirador que podemos levar muito para lá do atletismo. Não deixemos que a história nos venha impor limites, nem sejamos nós próprios a fazê-lo.

Assim como é mais importante viver a vida e decorá-la com momentos cheios de significado do que vivermos preocupados em prolongar os nossos dias e não tirar proveito do tempo que nos é concedido, também será mais importante acreditar, enquanto a chama competitiva estiver acesa dentro de nós, que amanhã seremos melhores atletas do que somos hoje.

Quer no atletismo, quer na vida, superem-se! Dia após dia! E sejam felizes! A tentar, a falhar e a alcançar!

 

Vemo-nos em competição 🙂

 

Ligado ao desporto desde pequeno, deixei definitivamente o futebol em 2016 para me dedicar afincadamente ao atletismo. Desde aí que muita coisa mudou na minha vida, a qual não imagino sem o desporto.

O Vida de Maratonista nasce então da minha paixão pelo atletismo, com contribuição especial da minha Licenciatura em Engenharia Informática, que me permitiu criar a solo este espaço de aventura e opinião, e torná-lo agradável a quem o visita.

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