O penúltimo episódio da primeira temporada de Team Ingebrigsten acompanha a preparação da família para…
Team Ingebrigsten Episódio 8 – Dividendos da Regularidade
Como sugerido pelo episódio anterior, nesta despedida da primeira temporada da série, os Jogos Olímpicos de 2016 foram o centro das preocupações da família. E nos dias antes, durante, e pós evento no Rio de Janeiro, houve espaço para quase todos os membros reflectirem. Das várias divagações, venho destacar duas para este artigo.
A primeira é a de Martin. Ao olhar para o sucesso dos irmãos nas pistas de corrida, e embora não viva necessariamente assombrado por isso, coabita com a dúvida sobre se teria tido o mesmo sucesso que eles, caso tivesse enveredado pelo atletismo. Tendo em conta que estamos a falar de “uma fábrica de atletas”, ao fazer parte dela, esta interrogação parece-me totalmente legítima. Por outro lado, se Martin não quis seguir esse caminho – e fica a ideia que teve essa oportunidade – é porque possivelmente não se sentia cativado o suficiente pelo desporto. Um factor que, em especial depois de se dar os primeiros passos no atletismo (ou noutra modalidade), costuma ser determinante para se trabalhar diariamente com afinco e resistir aos momentos mais complicados da jornada.
E por falar em trabalho diário, com alguma ironia, essa parece ser a bóia de salvação de Filip, no pós-Jogos Olímpicos. Em melhor condição que Henrik, como provou nos Campeonatos Europeus, Filip tinha tudo para ir longe nestes Jogos. O que não se verificou, devido a um mau posicionamento durante a prova (em contraste com a habitual falta de capacidade física), que mais tarde o obrigou a cometer um erro fatal. Logo após o regresso do Brasil, como o próprio diz, a desilusão dos Jogos acaba por ser um pouco “abafada” pelos resultados conquistados ao longo da época, com destaque para a medalha de ouro conquistada em Amesterdão.
Pessoalmente, ao ouvir estas palavras, logo me identifiquei com elas. Também costumo ter um grande objectivo para cada ciclo de treino, sem deixar de estabelecer outros, com importância significativa, pelo meio. Objectivos que, apesar de não terem o mesmo impacto ou repercussão externa, serão igualmente importantes para as fases de trabalho seguintes. Além disso, quando alcançados, aliviam um pouco a pressão, em paralelo com o aumento dos níveis de confiança. Ainda me lembro de quando fiquei apeado na Maratona de Sevilha. Foi de facto uma desilusão. Porém, não esqueço que durante essa jornada alcancei bons resultados noutras provas, culminando com recorde pessoal na distância da meia-maratona, em Viana do Castelo. Quando cheguei a Espanha, aquele ciclo de treino já tinha garantido o rótulo de “positivo”. Esta positividade acumulada, depois de um grande fracasso, é fundamental para o regresso ao trabalho.
Ultrapassadas as reflexões, e com o futuro em perspectiva, este episódio sugere novas “dores de crescimento” para toda a família. O que não podia ser de outra forma, tendo em conta que os pais Ingebrigsten têm 7 filhos, dos quais 4 são atletas. O foco da série não é tanto a vida dos irmãos “não atletas”, pelo que a minha perspectiva de espectador fica limitada. Mas no que diz respeito à parte desportiva, assistiu-se a todos os cenários (três): a família a acompanhar as provas no Rio de Janeiro à distância, mas toda reunida; Jakob a competir em Bydgoszcz (Polónia), nos Mundiais Sub-20, sem acompanhamento; E Ingrid, na sua primeira competição importante, e com a vantagem de estar a correr no seu país, a contar com o apoio presencial de grande parte da família. Ou seja, este parece também ser um assunto digno de atenção nos próximos capítulos.
P.S. Terminada a visualização desta primeira temporada, orgulho-me de ser capaz de escrever a palavra “Ingebrigsten” sem ter de confirmar noutras fontes que está correcta.
Nota: O autor escreve de acordo com o antigo Acordo Ortográfico.
Este artigo tem 0 comentários