Como sugerido pelo episódio anterior, nesta despedida da primeira temporada da série, os Jogos Olímpicos…
Team Ingebrigsten Episódio 5 – Uma receita familiar
Apesar das mudanças e das lesões com que se deparam os irmãos Ingebrigsten, estes continuam a apresentar resultados competitivos acima da média. Todos eles! Se parte do segredo para o sucesso pode advir dos seus laços familiares, convém não esquecer um outro ponto: o método de treino imposto pelo pai, que também é comum a todos.
Caminhos diferentes, o mesmo resultado!
Este episódio é bastante interessante por conseguir captar Henrik, Filip e Jakob em competição ao mesmo tempo, ainda que todos eles estejam em fases diferentes da sua vida pessoal e competitiva. Jakob tem agora 15 anos e continua afirmar-se junto do atletismo sénior e a mostrar que no futuro vão ter muito que falar dele. Para a sua idade, os seus resultados são fabulosos. Filip, apesar da lesão que o assolou nos últimos tempos, regressa à competição com tempos extremamente interessantes e que deixam atleta e treinador/pai satisfeitos. Por seu lado, Henrik, depois de sair de casa para apostar na sua vida amorosa, prova em pista que foi capaz de manter a sua vida emocional e competitiva equilibrada, ao apresentar também excelentes resultados em competições importantes.
Ora, em todos estes feitos, os resultados não estão a ser comparados com os dos outros atletas, mas sim com as marcas que cada um dos irmãos tinha alcançado até à data. Assim, mais do que na genética, as atenções focam-se no método de treino elaborado pelo pai, Gjert. Acima de tudo, numa perspectiva mental e de resultados. Como é comentado no episódio, o facto de todos os atletas receberem o mesmo treino e de um deles estar a ser bem sucedido é o suficiente para dar confiança aos outros. Mais do que isso, faz com que os mais atrasados em termos de resultados acreditem facilmente que podem valer os melhores registos dos seus irmãos se não tiverem lesões ou outro tipo de inconvenientes pelo caminho. Isto facilmente se transforma numa bola de neve positiva que origina troca de posições entre os irmãos, de tempos a tempos, devido às superações constantes. Muito interessante!
Por seu lado, estes contratempos, principalmente o caso das lesões, mostra também que a abordagem ao treino por parte de Gjert é mesmo no limite do desejável. O pai está a tentar tirar o melhor rendimento dos seus filhos, mas isso implica correr este grande risco. Um ligeiro aumento da carga física no treino ou um exagero competitivo pode rapidamente deitar tudo a perder.
Henrik Ingebrigsten: confiante e arrogante?!
Entretanto, os excelentes resultados de Henrik – que por esta altura é o mais bem-sucedido dos 3 irmãos – não passam despercebido à imprensa norueguesa e a potenciais patrocinadores. Uma situação que se torna também ponto central neste episódio 5, devido à postura “anti-norueguesa” de Henrik Ingebrigsten. Pelo menos, assim o rotulam após o “julgamento” de várias das suas declarações públicas. Nas várias entrevistas concedidas, Henrik mostra-se bastante confiante no seu sucesso, num estilo que de certa forma roça a arrogância e, consequentemente, o coloca fora do estereótipo norueguês. Resultado? A hipoteca de possíveis patrocínios, por não se reverem na postura de Henrik.
Curiosidade: a proibição das tendas que simulam altitude!
Para completar o debate que marca este episódio da série e diz respeito à personalidade de Henrik Ingebrigsten, porque não juntar à lista anterior o traço de “provocador”? Pelo menos esta é característica que sobressai após Henrik colocar no seu Instragram uma foto dentro de uma tenda que montou no jardim de casa. A foto passaria despercebida em muitos países, mas não na Noruega. Tudo porque os atletas noruegueses estão proibidos de recorrerem ao treino hipóxico. Por outras palavras, ao recurso a equipamentos (como tendas) que simulem um ambiente em altitude/com uma carga de oxigénio reduzido. A acompanhar a foto, parece ter seguido uma descrição com o objectivo de ridicularizar esta lei.
Em suma, este foi um episódio muito interessante, quer por trazer muita competição para o plano de acção, como também por distribui-la pelos vários irmãos.
Uma nota final para o estádio de Estocolmo, que é pano de fundo na recta final deste capítulo. Um belíssimo edifício, mas de má memória para os portugueses, pois foi na maratona olímpica que tinha este local como ponto de partida e chegada que Francisco Lázaro perdeu a vida, em 1912.
Nota: O autor escreve de acordo com o antigo Acordo Ortográfico.
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