Treze meses. Este foi o tempo de espera para o meu regresso à competição, após…
Batalha nas Trincheiras do Vale Mágico!
Domingo, 10 de fevereiro de 2019. Pelo terceiro ano consecutivo, alistei-me no plantel decidido a enfrentar as adversidades do Parque da Cidade Dr. Eduardo Coelho. O grande campo de batalha do Vale Mágico, mais conhecido por Vale de Cambra.
Gosto de desafios. Simpatizo com corta-matos. A primeira experiência naquele território (2017) foi de facto complicada. No ano seguinte, já lidei melhor com o adversário. Como tal, sentia-me mais que preparado e motivado para este terceiro assalto. Porém, o inimigo também não ficou de braços cruzados. Muito pelo contrário! Decidido a infernizar a minha vida e a dos meus companheiros, reuniu poderosos aliados, como o vento e a chuva. Estes dois, ausentes na última semana com vista a honrarem o tratado de paz, atraiçoaram-nos, poucas horas antes da grande investida.
Um parêntesis. No mundo do atletismo, a maratona é de facto uma prova muito especial (quiçá a mais!) por exigir muito da nossa capacidade física e sobretudo mental. Todavia, alguns corta-matos têm a matreirice e o atrevimento de tentarem equiparar-se à distância mítica. Quando menos esperamos, o terreno imprevisível obriga a um resgate de forças incalculável. Um instante que nos leva para lá dos limites. Tempo mais do que suficiente para nos entorpecer os sentidos e nos avivar na memória os desafios mais exigentes pelos quais já passamos.
Que batalha a do passado domingo! Que desafio! Não tenho recordação semelhante no que diz respeito a corta-matos! Nem a conquista dos 4 quilómetros do pântano de Vagos, em fevereiro de 2017, foi capaz de me pôr em sentido desta forma. Ainda em relação a Vagos, na altura, um dos valentes daquela companhia teve oportunidade de fazer uso da tecnologia e dar a conhecer esse combate. Ora vejam!
De volta ao Vale Mágico, a grande novidade deste ano foram as trincheiras, acompanhadas por um pântano que se estendeu a toda a linha e que também não é habitual. Sinceramente, não sei se a ideia em si tem tanto mérito quanto o plano magistral que o inimigo engendrou para a tornar uma realidade. Ora vejam só!
Numa primeira fase, as trincheiras foram preparadas pelas águas das chuvas. Logo depois, foram inocentemente trabalhadas por recrutas de diferentes faixas etárias que fizeram a sua travessia. Finalmente, chegado o momento dos dois grandes assaltos, as trincheiras foram aprofundadas por nós mesmos?!!!
Ou seja, o inimigo teve a ousadia de nos fazer cavar os nossos próprios buracos, ao obrigar-nos a percorrer aquele território por 5 vezes. A cada volta, já ninguém sabia onde estavam os maiores perigos, identificados minutos antes. Se do lado direito, se no meio, se do lado esquerdo do percurso.
Alguns membros da companhia, incluindo eu, tentavam identificar escapatórias minimamente seguras naquele terreno movediço. Já outros (valentes!), cruzavam a lama sem medo de serem puxados pelas trincheiras mais profundas! Aquelas que nos obrigam a despender todas as nossas energias para lhes escaparmos. Um esforço que nos deixa incapazes de seguir com os nosso companheiros, e que compromete seriamente o nosso desempenho no que resta da batalha.
Julgava eu que o Vale Mágico não seria capaz de me voltar a surpreender, e eis que este ano ele surge com esta nova e grande dificuldade. Mesmo assim, a vitória foi alcançada. Por mim e por todos os meus companheiros, para os quais eu mal tive oportunidade de olhar durante a batalha, tal a preocupação constante com as trincheiras. Todavia, a visão toldada para o horizonte não foi uma novidade em Vale de Cambra. Para esta dificuldade eu ia mentalizado.
Concluída a grande travessia, o inimigo vai agora ficar cercado e vigiado no Parque da Cidade Dr. Eduardo Coelho pelo menos por mais um ano. Quanto a nós, regressamos a casa para o merecido e necessário descanso com mais uma experiência corajosa e cheia de significado no Curriculum.
Em jeito de despedida, uma foto de alguns dos soldados que participaram nesta batalha, momentos antes de ter início a grande investida.
Créditos Foto de Capa: Caldas de S. Jorge Sport Clube (Secção de Atletismo)
Quando se alimenta uma ideia, como amigos só devemos incentivar o seu continuo trabalho,(…) força vamos em frente, até ao pódio.
um abraço
Muito Obrigado Sr. Fernando por todo o apoio 😀
Bora lá! Mais um dia de trabalho rumo aos pódios e aos objetivos!
Grande Abraço!