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Meia Maratona Manuela Machado 2022

XXIII Meia Maratona Manuela Machado – O Reencontro

Meia Maratona de Viana do Castelo 2022. Uma edição que me fez chegar à mão cheia de participações nesta prova. Todavia, há uma diferença assinalável. Das outras vezes, abordei a corrida com um espírito de RP (recorde pessoal), o que resultou sempre numa sensação de vitória ou derrota na linha de meta. Até cheguei a brincar com isso. Porém, este ano, tendo em conta alguns contratempos e as circunstâncias actuais, não me apresentei no meu melhor, e, portanto, a abordagem foi diferente. Mais pacífica. Anteriormente, senti precisar da prova para atacar o meu melhor registo na distância, apesar do seu percurso muito selectivo e daquela rampa, após o retorno, que ainda hoje não me sai da cabeça. Ela é determinante no sucesso ou insucesso da nossa prestação. Ali, até podemos nem rebentar fisicamente por completo. Contudo, ficar para trás ou vacilar, em termos mentais é uma valente marretada. E isso basta para trocar o prazer pelo sofrimento para o que resta da aventura.

Adiante. De uma perspectiva social e de proximidade entre mim e a Meia Maratona de Viana, digamos que a nossa relação sempre foi alimentada pelo desafio. Pelo duelo, que engloba honra, orgulho, e um conjunto de regras. Estou em crer que nunca houve o propósito da submissão de uma parte em relação à outra. Apenas a disputa. Mas o acumular destas conversas animadas e intensas (e foram quatro, entre 2016 e 2020) aproximou-nos. Mesmo que isso não nos fosse perceptível. A maior prova disso surgiu desta vez: dois anos e dois meses após o nosso último encontro. Foi muito tempo. E com uma pandemia pelo meio, o mais importante era verificar que ambos estavamos bem. Que eramos, em grande medida, os mesmos de outrora. Foi agradável. Viana não me deixou apeado, mas continua tão exigente e enigmática ao longo do seu percurso quanto antes. Do meu lado, sem recorde pessoal, também mostrei que existe a possibilidades de o voltar a superar ali, no futuro.

Ainda em relação a esta pacificação, de frisar que ela só aconteceu, de uma forma tácita, devido ao passado que nos envolve. Ambos percebemos que, ao contrário de anos anteriores, o mais importante neste reencontro era passarmos um bom bocado juntos. Sempre com um nível mínimo de exigência, que parece fazer parte do ADN da nossa relação, mas sem pedir demasiado à outra parte. De alguma forma, isto faz-me lembrar aquelas pessoas que, quando se encontram, estão sempre a discutir e parecem não se suportar. Curiosamente (e até para divertimento dos restantes participantes nesses convívios), quando uma delas está ausente, a outra está sempre a perguntar por ela. Algo deste género se passa na minha relação com Viana. Porque a maneira mais vincada de dizer que gostamos um do outro é por via do duelo que travamos naqueles 21 quilómetros e 95 metros. Porque aquela não é uma prova de transição. Não é uma prova de cumprimento de calendário. Aqui entre nós, é uma prova onde procuro esmerar-me. Estar o mais apresentável possível. Tenho ideia que, quando me perguntam sobre as minhas corridas favoritas, a palavra “Viana do Castelo” salta do meu coração e não da minha cabeça.

Agora, não se esqueçam que este texto é apenas a minha visão da coisa. O que a Meia Maratona de Viana do Castelo pensa realmente sobre isto, terão de lhe perguntar. Quando a mim, por esta altura, o que mais desejo é que da próxima vez já não haja esta necessidade de pacificação, nem pandemias a condicionar o nosso reencontro. Boas Corridas!

 

Nota: O autor escreve de acordo com o antigo Acordo Ortográfico.

Créditos Foto: Manuela Machado

 

Ligado ao desporto desde pequeno, deixei definitivamente o futebol em 2016 para me dedicar afincadamente ao atletismo. Desde aí que muita coisa mudou na minha vida, a qual não imagino sem o desporto.

O Vida de Maratonista nasce então da minha paixão pelo atletismo, com contribuição especial da minha Licenciatura em Engenharia Informática, que me permitiu criar a solo este espaço de aventura e opinião, e torná-lo agradável a quem o visita.

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