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Nova legislação no Quénia aponta a pena de prisão para atletas dopados
O Quénia está a planear sanções criminais, incluindo pena de prisão, para atletas apanhados nas malhas do doping. Os trabalhos em prol desta nova legislação foram confirmados por Amina Mohamed, esta terça-feira. A ministra do desporto queniana apontou meados de 2020 para a entrada em vigor deste novo diploma. Segundo palavras da própria:
Estamos a dar a urgência merecida a este assunto.
De realçar que, atualmente, staff técnico queniano que seja considerado culpado em casos de doping, está sujeito a uma pena de prisão que pode ir até três anos. Porém, esta lei não abrange os próprios atletas, sendo precisamente esse alcance que se está a tentar mudar.
Embora o Quénia seja das nações mais bem-sucedidas no atletismo do meio-fundo e fundo, não é menos verdade que tem sido dos países mais assolados por escândalos de doping, nos últimos 5 anos. Tanto é que, em 2016, a WADA (Agência Mundial de Anti Dopagem) colocou o Quénia no grupo de países a vigiar com mais atenção em relação às violações anti-doping.
Por um lado, seria aceitável dizer que a presença do Quénia nesta lista fosse apenas uma consequência natural do sucesso dos seus atletas. Afinal de contas, por exemplo, a Etiópia e o Bahrain também lá estão. Contudo, a verdade é que entre 2004 e 2018 foram apanhados 138 atletas desta nação nas malhas do doping, segundo um relatório da WADA publicado em setembro de 2018. Entre os quais, o campeão olímpico dos 1500 metros de Pequim 2008, Asbel Kiprop, a vencedora da Maratona dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, Jemima Sumgong, além de Rita Jeptoo, três vezes vencedora da Maratona de Boston.
A Unidade de Integridade no Atletismo (AIU), que tem estado a acompanhar os desenvolvimentos em Nairobi de perto, não aponta para medidas tão extremas, dizendo, por intermédio de Thomas Capdeville:
Desejamos que sejam feitas investigações mais compreensíveis nos atletas, staff técnico, e restante comitiva de trabalho, como treinadores, diretores e farmacêuticos.
O responsável da AIU acrescentou ainda que mesmo a implementação destas medidas não significará a remoção imediata do Quénia desta lista de categoria A. Essa ausência desejada levará mais algum tempo.
Opinião
De notar que esta medida já tem vindo a ser pensada pelos quenianos desde 2016. Depois de ter sido “abafada” nos últimos anos, a ideia voltou agora a ganhar força, tendo em conta os recorrentes casos que têm chegado a público. De lembrar que, ainda há poucos dias atrás, foi suspensa Angela Munguti, uma atleta queniana de apenas 17 anos. A confirmar-se a sua aplicação, veremos que consequências trará para os resultados desta nação no meio-fundo e fundo, a curto e longo prazo.
Pessoalmente, não creio que estas medidas extremistas sejam a melhor solução, por melhores que sejam as intenções. Poderá suster esta “praga” a curto prazo, mas não resolve a mentalidade de quem comanda e compactua de livre vontade com estes esquemas, assim como de quem lhes confere proteção. Este sim, parece-me ser o maior problema, a par de uma falta de sensibilização e reeducação dos atletas mais susceptíveis de serem manipulados e influenciados.
Fonte: The Irish Times
Imagem de OpenClipart-Vectors por Pixabay
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