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Team Ingebrigtsen - Série Norueguesa Sobre Esta Família De Atletas

Team Ingebrigsten Episódio 7 – Gestão das Expectativas

O penúltimo episódio da primeira temporada de Team Ingebrigsten acompanha a preparação da família para os Campeonatos da Europa de Atletismo de 2016, culminando com a realização do evento. E apesar do capítulo abordar outros assuntos, o duelo-dilema entre Henrik e Filip, cuja tensão nunca chega a ser visível, mas sente-se no ar, foi o tema que escolhi para conceber este artigo.

“Quando estamos na linha de partida, não somos irmãos, mas rivais.” Assim o declara Filip Ingebrigsten, ainda antes de assistirmos à final da prova dos 1500m, nos campeonatos realizados em Amesterdão. Uma declaração que não causa choque, pois o mesmo acontece com (grandes) amigos. Quando se é competitivo, e salvo situações excepcionais ou especiais, é cada um por si. Mesmo que lá no fundo, a amizade ou a irmandade nunca esteja esquecida. Pelo menos, também é desta maneira que encaro estas situações.

Mas voltando um pouco atrás, esta disputa, que culminou com o ouro para Filip e o bronze para Henrik, sucedeu após alguns meses de tensão, mas sobretudo de mistério e dúvida, para os dois irmãos. Henrik, até àquele momento, vinha a ser o mais forte em competição. No entanto, por esta altura, vê-se condicionado fisicamente. Por seu lado, Filip, ainda sem grande sucesso a nível europeu, vai-se mostrando melhor durante a preparação.

Ora, ainda que os indicadores mais recentes estejam a favor do irmão mais novo, isso não é garantia de nada. Quem compete, certamente conhecerá gente que se excede nos treinos e falha nas provas, ou, em sentido inverso, atletas que, apesar das dificuldades para treinar, nos dias decisivos são capazes de se apresentar ao nível a que nos habituaram. E é precisamente este conhecimento, a meu ver, que cria suspense ao longo do episódio. Que levanta questões como: será que Filip vai confirmar em competição que está melhor que o irmão? Ou irá Henrik, apesar das adversidades que enfrenta, superar tudo isso no dia decisivo? O desfecho, já o revelei em cima e, no final, a alegria de ambos é notória, o que me leva ao assunto que dá título a este texto.

Como já disse noutros artigos deste espaço, o contexto é muito importante para se compreender uma situação. E quando se trata de resultados, esta máxima mantém-se. Pelos mais diversos motivos, um segundo lugar pode ser menos saboroso que um terceiro, assim como um terceiro, ainda que depois de um primeiro ou segundo, possa suscitar maior alegria. O momento de forma, os atletas em prova, as dificuldades actuais para lá da vida desportiva, a condição física, entre outras coisas, fundem-se para dar forma à nossa expectativa, além daquilo que são as circunstâncias da própria corrida. Ora, das imagens que a série transmite sobre a final dos 1500m destes Europeus, não duvido que Henrik tenha ficado feliz com a vitória do irmão. Porém, ao mesmo tempo, e apesar de toda a dúvida que pairou no ar até ao final do capítulo, fica a ideia de que Henrik, tendo em conta as dificuldades físicas que aguentou na jornada até Amesterdão, ficou igualmente bastante satisfeito com a sua medalha de bronze, mesmo depois de já ter conquistado a prata em 2014, em Zurique. De outro modo, se Henrik estivesse nas suas melhores condições, creio que não seria possível passar despercebida alguma frustração. Não foi o caso e, estou convencido, tal deve-se às expectativas mais moderadas que o contexto gerou. Já do lado de Filip, tudo foi perfeito.

Em resumo, foi um final feliz para ambos e, claro, para toda a família Ingebrigsten. E por falar nela, não me posso despedir sem me interrogar o quão deve ser estranho e complicado gerir e mediar todas as expectativas e emoções no seu seio. Afinal de contas, em especial aqueles pais, devem passar por uma verdadeira montanha russa de emoções, num curto espaço de tempo. Desta vez, tudo acabou em bem e o contentamento foi geral. Contudo, casos em que a alegria de um implique necessariamente a tristeza de outro, o rumo da história poderá ser muito diferente. E nunca esquecendo que se trata de uma produção televisiva, pode ser que o futuro levante mais o véu sobre este dilema familiar.

 

Nota: O autor escreve de acordo com o antigo Acordo Ortográfico.

Ligado ao desporto desde pequeno, deixei definitivamente o futebol em 2016 para me dedicar afincadamente ao atletismo. Desde aí que muita coisa mudou na minha vida, a qual não imagino sem o desporto.

O Vida de Maratonista nasce então da minha paixão pelo atletismo, com contribuição especial da minha Licenciatura em Engenharia Informática, que me permitiu criar a solo este espaço de aventura e opinião, e torná-lo agradável a quem o visita.

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