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Corrida às Urnas

Uma Corrida às Urnas!

Amanhã, vou quebrar a rotina dos últimos meses e fazer duas corridas. Sim, vou regressar aos bidiários.

Primeiro, um treino de hora e meia, por uma marginal possivelmente ventosa e preenchida por muitos outros atletas. Depois, estarei presente na corrida às urnas. Confesso que ainda não tomei a decisão final do que vou fazer quando cortar esta meta. Se vou apenas admirar o meu boletim, dobrá-lo, e colocá-lo na urna; se vou escrever nele o meu recorde pessoal à maratona e depositá-lo na urna; ou se vou meter uma cruz em algum quadrado.

Sobre isto, tenho mais umas horas e ainda o meu treino longo de amanhã para refletir e fazer a minha escolha definitiva. Contudo, por esta altura, já tenho uma certeza. Sei que vou chegar à meta desta corrida e dizer “presente”. Curiosamente, uma meta instalada numa das salas onde terei dito várias vezes esta mesma palavra nos meus tempos de miúdo, quando ali tinha aulas e os professores chamavam por mim.

Ora, cada treino e corrida têm um objetivo principal. Se uns estimulam e desafiam as nossas maiores capacidades físicas e mentais, outros servem de recuperação ativa ao corpo. No entanto, algures no meio desta combinação, surge por vezes um desafio de cidadania ativa. Basta ver o caso recente de Braima Dabó, que nos deixou suplantados com a sua atitude para com Jonathan Busby, em plenos mundiais de atletismo. E digo “suplantados”, porque preferimos guardar outros atos como este na gaveta em vez de os proliferar, trocando-os pelo horror, o drama e a tragédia, tantas vezes forçosamente exagerados para atrair o espectador.

Mas atenção! Como qualquer outra atividade, esta corrida de competência cívica e de cidadania ativa também recomenda vivamente um “aquecimento” prévio. Esta prova implica estar a par do que os líderes políticos pretendem fazer no nosso país, para a partir daí tomarmos uma atitude. Se for um caso global de incompetência, é na urna que podemos passar-lhes esse atestado. Abster e dizer que são “todos iguais” é, na maioria dos casos, reflexo da nossa ignorância e desinteresse, não por estas pessoas, mas pelo nosso próprio país. Abster é sinónimo de descartar a nossa própria responsabilidade, ao mesmo tempo que esperamos que os outros assumam a deles.

Enquanto atletas, não podemos também usar a desculpa de não compreendemos os grupos parlamentares que se formam quando os interesses de vários partidos (quiçá os de Portugal inteiro?!) convergem. Afinal de contas, nós fazemos geringonça entre atletas de vários clubes para os treinos longos e intervalados, nós abstemo-nos de tantas coisas para ter rendimento desportivo e, alguns, na ausência de melhores parceiros, também fazem os seus treinos de séries com os cães.

Resumindo, os comportamentos desta gente não são assim tão diferentes dos nossos. A dimensão é que é! Somos todos humanos, e antes de termos sabedoria, sensibilidade e bom senso para governar um país, temos de as ter para governar as nossas casas, as nossas ruas e as nossas autarquias. Depois é potenciar o trabalho base, com os resultados a dependerem do facto de sermos conscientes e perseverantes, ou interesseiros e insensíveis.

Boas corridas às urnas! E se quiserem mais um motivo para não faltarem, lembrem-se que este dorsal é de borla.

 

Fonte da imagem do artigo: Element5 Digital de Pexels

Ligado ao desporto desde pequeno, deixei definitivamente o futebol em 2016 para me dedicar afincadamente ao atletismo. Desde aí que muita coisa mudou na minha vida, a qual não imagino sem o desporto.

O Vida de Maratonista nasce então da minha paixão pelo atletismo, com contribuição especial da minha Licenciatura em Engenharia Informática, que me permitiu criar a solo este espaço de aventura e opinião, e torná-lo agradável a quem o visita.

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