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Novo Plano De Treino De Atletismo

Novo plano de treino de Atletismo? Que trabalheira!

Quem leu o meu artigo “Como o Atletismo mudou a minha vida!”, publicado há uns dias atrás, deve certamente estar recordado que um dos temas em destaque dizia respeito à aquisição de novos conhecimentos. Passo a citar uma das frases que lá deixei:

 

A corrida puxou-me para o colo livros técnicos e artigos web impressos referentes a métodos de treino e processos inerentes.

 

Ora, para quem não sabe, eu não tenho treinador no atletismo. Nunca tive. Na verdade, esta postura assumida de autodidata é um dos aspetos que mais gozo me dá no atletismo, para lá da competição em si.

Atenção, não interpretem mal esta minha afirmação. Não tenho treinador, oficialmente! Para lá do meu gosto pela investigação, do ir à procura da teoria para depois passar à prática, eu adoro falar sobre estes assuntos, estando longe de manter uma posição inflexível ou de ser incapaz de ouvir e/ou aceitar o que outros (provavelmente mais entendidos!) têm para me dizer e aconselhar.

Rígido sim, na minha posição de ser eu a fazer o meu plano de treino. Pelo menos até à data. Não digo “nunca”, porque isso é demasiado tempo para o que quer que seja. Até esta introdução já vai demasiado longa. Adiante!

 

Construir um novo plano de treino

Ultrapassada a Maratona de Budapeste, quando chegou o momento de dar forma a um novo plano de treino, eis que veio à superfície do meu pensamento um artigo estrangeiro, enquadrado neste assunto, que li no último ano. O artigo era bastante sucinto, mas só o seu cabeçalho já dizia muito sobre este tema. Passo a citar o seu título (traduzido):

 

Treinamos para ganhar, ou para aprender?

 

A contrário dos planos de 2/3 meses que fiz para as últimas três maratonas, todos eles inspirados nas convicções de Renato Canova, os meus planos para os outros dois terços da época foram sempre diferentes. Em termos de resultados, o meu plano de treino de 2016/2017 foi um fiasco, e o de 2017/2018 foi um sucesso. Claro que há muito mais variáveis em jogo para lá da essência de um plano, mas não quero desviar-me do assunto deste artigo.

Como estava a dizer, se em 2017 tinha mais que incentivo para tentar outra abordagem. Agora, em 2018, o mais fácil seria replicar o plano que apliquei após a Maratona de Valência. Ainda para mais quando replicar dá muito menos trabalho e requer menos tempo que fazer algo de raiz.

As imagens seguintes foram as que enviei, há umas semanas, para um grupo de amigos atletas quando lhes disse: “vou agora começar a fazer o meu novo plano!”. As fotos não são tão bonitas quanto a da capa do artigo, mas estas são genuínas 😀

 

 

Indiretamente, as fotos eram uma resposta clara de que não pretendia fazer copy-paste ao plano que iniciei o ano passado, por esta altura.

Feitas as contas, o que representa isto? Significa que eu tive de escolher uma abordagem, de duas possíveis. A filosofia do aprender, ou a filosofia de manter o que me trouxe resultados (do ganhar!).

Altamente seria uma que desse as duas coisas. Bem, creio que aprendemos sempre em qualquer que seja a escolha. Contudo, a primeira será mais numa perspetiva de pormenores e de afinação, enquanto na segunda será mais o descartar e selecionar pontos significativos que vão seguir connosco por muito tempo. Como eu sou muito novinho neste desporto, dotado de poucas certezas, mas convicto que a absorção de conhecimentos é muito maior quando vivemos as aventuras, escolhi então a segunda hipótese para esta época.

 

Treinar para aprender

Volto a afirmar. Por esta altura, eu quero treinar para aprender!

Quero ser um descobridor! Tenho consciência que esta segunda escolha pode comprometer uma época. Porém, estou confiante que isso não vai acontecer. Ao mesmo tempo, acredito que alcançarei o sucesso desta opção a longo prazo. Sim, porque eu quero ser cada vez mais competitivo e se escolhi este caminho é porque acredito que ele me vai levar lá. Pode demorar um bocadinho mais de tempo, mas se lá chegar será também com outro arcaboiço.

Resumindo, acredito que novas experiências (com o mínimo de sentido!) vão, indubitavelmente, alargar o meu leque de conhecimentos sobre as minhas capacidades do momento, sobre as reações do meu corpo a determinados estímulos, sobre os treinos que me motivam e desmotivam, entre muitas outras componentes.

Por outras palavras, preciso destes novos desafios para reunir argumentos necessários para construir um plano cada vez mais inteligente e fértil em bons resultados com base no funcionamento da minha máquina! Daqui a uns anos, quem sabe não possa mesmo dar o meu nome ao meu plano.

 

Fé: uma abordagem de outra dimensão!

Visto que já falei muito em “acreditar”, vou continuar nesta mesma linha.

A filosofia do aprender acaba por ser uma tentação indireta para os que fracassaram num passado recente. Aqueles que nada parece terem a perder em experimentar algo novo. À imagem do que acontece quando se muda de treinador. No entanto, no meio disto tudo, aparece a questão da fé!

Vamos ver um caso concreto. O meu último plano de treinos (Maratona de Budapeste: Missão 2h30), cujos treinos específicos vocês tiveram oportunidade de acompanhar ao detalhe neste espaço. Na prática, o plano não trouxe os resultados pretendidos. Quer isto dizer que fracassou? Depende do tipo de análise que for feita e das sensações que ficaram, quer no corpo, quer na cabeça.

A verdade é que, ainda hoje, eu não me arrependo nada do plano que segui. Acredito piamente que foi um dos melhores planos que tracei, apesar de ter falhado o meu objetivo na maratona. Para além de tudo o que vivi a nível de treino naqueles meses, não vejo sentido em apontar o dedo a um trabalho de 10 semanas pelos resultados (cronométricos!) alcançados em duas provas (além da Maratona em Budapeste), sendo que ambas tinham percursos exigentes e uma delas foi feita com temperaturas acima de 30º.

Conclusão? Por (supostamente) ter-me conduzido ao insucesso este ano, tal plano não pode ser associado a nenhuma das duas filosofias mencionadas anteriormente. Este plano fica numa outra dimensão. Na da fé!

Acreditarmos no trabalho que estamos a desenvolver é super importante para a obtenção de resultados. Se eu acredito nos treinos que estou a fazer, eu parto para eles motivado, o que por sua vez resulta numa abordagem, concentração e empenho no treino totalmente diferente de um atleta descrente naquilo que está a fazer.

 

Treinar para ganhar

Relativamente à filosofia do ganhar, convém lembrar que nada neste mundo é estático. Aliás, os progressos nas várias áreas ocorrem a velocidades cada vez maiores. O ritmo de adaptação exigido ao Ser Humano a fim de acompanhar as constantes mudanças que se fazem sentir no nosso mundo caminha para valores assustadores.

Do mesmo modo, um atleta que “pare no tempo”, que se feche em torno dos seus princípios e crenças, corre o risco de perder terreno para rivais que estudem diferentes princípios e métodos de treino.

Como tal, clicar ininterruptamente no botão repeat de uma receita que tem apresentado bons resultados pode ser positivo no presente, mas prejudicial a longo prazo. Um dia que não caiam mais frutos desta árvore, será complicado o atleta saber que rumo tomar, tendo em conta que nem ele nem o seu treinador saberão como ele irá responder a estímulos que até agora lhe passaram completamente ao lado.

Assim sendo, alargar horizontes será sempre importante. Não apenas para descobrir o que há de novo, mas porque muitas vezes essa viagem pelo exterior da nossa realidade que reforça a convicção (ou descrença) nos nossos métodos.

 

Conclusão

A parte final do título deste artigo (“que trabalheira!”) acaba por servir apenas para a conclusão do mesmo.

A minha decisão de enveredar pela filosofia do aprender nos próximos meses limita-se a seguir algumas bases do plano da época anterior (pré-maratona), mas com novas técnicas e tipos de treino em perspetiva. Isto não só exige o estudo e a prática dos novos conceitos, como a pré-aplicação dos mesmos. Ora se este processo de aprendizagem até na teoria leva tempo, pois é preciso tentar perceber a melhor maneira de encaixar os novos conceitos, então na prática nem se fala.

Um exemplo. Muitos atletas limitam-se a correr, não desenvolvendo outras partes do seu corpo que podem ser muito importantes para a sua postura e economia de corrida. Um dia que se decidam a fazer um treino específico e exigente para este tipo de trabalho, o mais certo é esse esforço causar muita mossa, pois nunca o praticaram. Mas será um desgaste até que ponto? É que depois entram outras variáveis em discussão. Quem tem um trabalho mais sedentário talvez diga mal da sua vida num treino deste género. Quem tem um trabalho mais duro talvez esteja pronto para outro igual no dia seguinte. É relativo, pelo que só mesmo com a prática poderemos tirar as devidas conclusões para cada atleta.

No meu caso, qual o resultado de tudo isto? É que em vez de já ter feito o meu plano até julho, como tinha idealizado, ainda só fiz 5 semanas (3 delas já ultrapassadas!). Vai ter mesmo que ser uma construção gradual e com muita flexibilidade à mistura. Será um novo e interessante desafio, cuja parte de agilizar treinos não me assusta, pois com o passar dos dias vou percebendo melhor os objetivos e as implicações de cada treino que faço.

Este último aspeto é a cereja no topo do bolo de todo este trabalho. Ao perceber cada vez melhor porque faço “isto” e “aquilo”, estou a ser compensado pela minha filosofia do aprender, a reforçar a minha crença no meu trabalho teórico e prático, e, provavelmente, a ficar mais perto de ganhar!

 

E vocês? Qual a filosofia e objetivos que incutem nos vossos planos de treino? 🙂

 

Ligado ao desporto desde pequeno, deixei definitivamente o futebol em 2016 para me dedicar afincadamente ao atletismo. Desde aí que muita coisa mudou na minha vida, a qual não imagino sem o desporto.

O Vida de Maratonista nasce então da minha paixão pelo atletismo, com contribuição especial da minha Licenciatura em Engenharia Informática, que me permitiu criar a solo este espaço de aventura e opinião, e torná-lo agradável a quem o visita.

Este artigo tem 2 comentários

  1. “A vitória não é sermos capazes de levar o nosso corpo e mente ao limite para descobrir que estes limites nos permitem descobrir novos limites?”- Kilian Jornet. Eu planeio os meus treinos para a vitória…a vitória pessoal. Ultrapassar aquilo que eram os meus limites até a data. E assim continuará a ser.

    1. Amigo, mas para isso tens que escolher um caminho em cada jornada (fase de treino). É o que falo aqui no artigo. não no destino, mas no tipo de travessia que escolhemos, que por sua vez pode influenciar o sucesso de outras jornadas mais à frente 😉

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