Como alguns de vocês devem estar recordados, em Setembro de 2019, iniciei aqui uma rubrica…
Efeitos do açúcar no corpo humano, segundo Robert Lustig
A teoria aqui partilhada não é nova. Para ficarem com uma ideia, o vídeo que se encontra no final deste artigo tem mais de 12 anos. Quanto a mim, não sou especialista em nutrição ou fisiologia do corpo humano, mas esta palestra de Robert Lustig pareceu-me muito bem fundamentada, quer de um de ponto de vista isolado, quer quando lhe junto leituras prévias que eu próprio “consumi” durante os últimos anos. De facto, é com base nos conhecimentos que vou adquirindo que todos os dias tenho novas dúvidas e reajusto convicções, confiante que a diversidade de leituras me permite separar o “trigo do joio” com mais sucesso. Longe de ser um polígrafo, sinto-me confortável a partilhar esta dissertação. Ao leitor com diferentes perspectivas, lembro que há uma secção nesta página para comentar e assim enriquecer o debate sobre o assunto, se chegar a isso.
Efeitos do açúcar no corpo humano, e como ele é processado pelo nosso organismo, nas suas diferentes versões. Este é o tema que hoje me traz aqui, por via da já mencionada palestra de Robert H. Lustig, Professor de Pediatria na Divisão de Endocrinologia da Universidade da Califórnia, na altura deste seu discurso. Segundo o palestrante (e os rótulos dos alimentos que compramos), muito do açúcar que ingerimos (quando não pelo seu termo simples e mais conhecido) apresenta-se com diferentes designações, entre as quais se destacam a sacarose e o xarope de milho. Até aqui, nada de novo. Creio que todos nós temos uma noção disto, seja pela leitura de nomes estranhos nos rótulos, ou pelo palato de alimentos que outrora não eram tão doces. Contudo, a diferença que mais importa salientar não está nos nomes, mas no processo que estes desencadeiam no interior do nosso organismo. Como Robert Lustig explica com detalhe no vídeo, e ao contrário da glicose, o fígado tem uma grande dificuldade em processar (metabolizar) estes constituintes açucarados com nomes mais estranhos, à semelhança do que acontece com outros elementos prejudiciais ao nosso organismo, dando até o exemplo do etanol (álcool) e das possíveis cirroses.
A meu ver, é sobretudo pelo assunto do parágrafo anterior que esta palestra vale bem a pena. Mas há outras pequenas abordagens associadas ao tema, até porque ele é transversal a todos os seres humanos, que são igualmente interessantes. Entre os diversos tópicos que enriquecem o debate principal desta apresentação, de salientar os seguintes:
- uma caloria (1 cal) pode não ser igual a uma outra caloria (1 cal), embora a matemática sugira isso;
- os primórdios das bebidas desportivas;
- o acréscimo deste tipo de açucares refinados aos alimentos, a fim de os tornarem mais doces e, como resultado, mais tentadores para consumo;
- a diferenciação entre o colesterol “bom” (HDL) e o “mau” (LDL), e como pode ser feita a leitura desses valores;
- a importância das fibras na nossa alimentação;
- a adesão a dietas pobres em gorduras – que devido ao défice de “gorduras boas” podem condicionar o bom funcionamento do organismo – sem nos apercebermos que estamos a aderir a uma dieta rica em frutose, por via da sacarose, do xarope de milho, entre outros?!
Sem mais demoras, e terminada esta breve apresentação, deixo-vos com a palestra que me trouxe até aqui. E como os mais vulneráveis a tudo isto costumam ser mesmo as crianças, no próximo Halloween, quando vos tocarem à porta e perguntarem: “Doçura ou Travessura?”, por um bem maior, talvez seja melhor escolher a segunda hipótese.
Nota: O autor escreve de acordo com o antigo Acordo Ortográfico.
Foto: Pxfuel
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